PMDB "rompe" com PT visando
eleições municipais
Os aliados se enfrentarão nas principais cidades do país
BRASÍLIA - A bancada do PMDB formalizou ontem a entrega do manifesto com críticas ao tratamento recebido pelo partido no governo Dilma Rousseff e o receio do rolo compressor do PT nas eleições municipais. Ao receber o documento, assinado por 53 dos 76 deputados do PMDB, o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), deu carta branca para que sejam feitas as alianças partidárias mais convenientes à legenda nas eleições de outubro, independentemente do PT.
— A partir de hoje rompemos a opção cega que existia de ser PT 24 horas por dia — disse o deputado Danilo Fortes (PMDB-CE), um dos líderes do movimento.
O movimento de ala expressiva da bancada tem como pano de fundo a irritação dos peemedebistas com a blindagem dos ministérios que comandam. Isso, segundo eles, impede que o partido leve às bases eleitorais as ações desses ministérios. Para os peemedebistas, a última eleição e a municipal, deste ano, mostram que o PT vem conseguindo ser identificado pelos eleitores como autor de políticas públicas, o que não acontece com o PMDB.
Os dois partidos disputarão as eleições em quase todas as capitais. Há exceções, como no do Rio, onde o PT apoiará a reeleição de Eduardo Paes.
Na visão de alguns presentes ao encontro, esse é um sinal de que as eleições municipais devem ser marcadas pelo confronto dos dois maiores partidos da base do governo. No discurso para os correligionários, Temer defendeu a liberdade das coligações conforme as conveniências do PMDB e disse achar o manifesto importante, até para fortalecer Gabriel Chalita em SP.
A reunião com Temer durou pouco mais de uma hora. Ele mais ouviu do que falou, não rebateu as reclamações feitas pelos deputados e prometeu enviar as reclamações ao Palácio do Planalto. Deve articular uma reunião da cúpula do PMDB com as ministras Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais) para tratar dos pedidos dos parlamentares, desde a participação do partido nas decisões de políticas públicas até a liberação de verbas para suas bases eleitorais.
— Não houve nenhuma manifestação (de Temer) contrária ao que colocamos. Ele entende a nossa preocupação e sugeriu que, no encontro nacional do partido, coloque-se mais claramente a relação do PMDB com o governo e o PT — disse o deputado Osmar Terra (PMDB-RS).
No documento, os peemedebistas reclamam da hegemonia do PT no governo. Os peemedebistas dizem que o PMDB não participa das principais decisões, mas o Planalto trabalha para fortalecer o PT e, assim, o partido corre o risco de ser derrotado pelo aliado nas eleições municipais. O presidente nacional do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), anunciou que o partido fará um encontro em 17 de maio sobre as eleições.
As manifestações públicas de insatisfação do PMDB preocupam o governo. Para evitar um estrago maior no Congresso, a ministra Ideli Salvatti tem conversado com Temer. A estratégia é usar a influência de Temer para conter a rebelião. A avaliação é que Temer é o maior interessado em manter PT e PMDB unidos, porque qualquer mudança desse quadro levaria a uma mudança na chapa presidencial de 2014.
Auxiliares diretos da presidente Dilma Rousseff atribuem ao vice-presidente da Caixa Econômica Federal, Geddel Vieira Lima, o protagonismo da articulação para enfraquecer o governo. Mesmo assim, a ordem é mantê-lo no cargo por uma questão pragmática: o seu afastamento poderia agravar a crise e com isso Geddel ficaria livre para intensificar o seu movimento oposicionista.
O núcleo palaciano admite que é preciso compensar o PMDB. A ordem é identificar as principais insatisfações e liberar emendas aos parlamentares. Também há movimento para garantir permanência de nomes do PMDB em cargos estratégicos.
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial