‘Prioridade do PT é eleger Dilma Rousseff presidente’
Brasília (AE) - Com o comando do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT encerrou nesta semana com a pré-candidata Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil, a rodada de encontros com cúpulas e bancadas dos partidos da base em busca de fechar um leque de alianças para a eleição de 2010.
Enquanto o PSDB não define seu candidato à sucessão presidencial, Lula e o PT mostram que têm uma estratégia clara e vêm conquistando espaço com os partidos para garantir palanques fortes para Dilma nos Estados.
É o que revela o deputado José Genoino (SP), ex-presidente do PT, nesta entrevista à Agência Estado. A prioridade é eleger Dilma e, em nome da aliança nacional em torno de sua candidatura, o PT deve ceder nos Estados e apoiar nomes de partidos aliados, conta Genoino. Na entrevista a seguir, o petista traça um mapa das alianças eleitorais com o PMDB nos Estados considerados problemáticos.
Fechado o pré compromisso com o PMDB, o que avançou até agora nesses dez dias?
O que avançou é que agora nós temos uma diretriz nacional, e é fundamental a aliança com o PMDB. São dois os motivos: o PMDB participa do governo, tem sido um fator de estabilidade e dará palanques fortes e tempo na televisão para Dilma.
O PMDB deve compor a chapa majoritária, e para isso nós temos de avançar nos Estados para termos palanques unificados. A existência de mais de um palanque deve ser exceção e não regra. Nós temos de ter uma aliança com palanques estaduais que vá do bloco de esquerda até o centro, que é o PMDB, passando pelo PR.
A ministra Dilma e a cúpula do PT já conversaram com o PR, com o PDT, com o PMDB. É uma tentativa de fazer uma campanha no estilo “nós contra a oposição”, personificada no PSDB, no DEM e no PPS?
A campanha deve ser plebiscitária com dois projetos: o liderado por Lula e Dilma e o da aliança demo-tucana. São dois projetos, não tem terceira nem quarta via. Portanto, ‘plebiscitar’ é o conteúdo da campanha. Esse plebiscito tem de se materializar nos Estados porque a eleição das bancadas de deputados estaduais, deputados federais e de senadores se dá no primeiro turno. Interessa-nos eleger grandes bancadas. Por isso, reafirmo, a prioridade é eleger presidente; em seguida, bancadas fortes e, depois, governadores dentro de uma eleição polarizada nacionalmente.
Por que a preocupação de eleger uma bancada grande de deputados e de senadores é maior do que a de eleger governadores?
Em primeiro lugar, pela nossa experiência. Nós temos de ter uma aliança e uma coalizão programática na eleição nacional e manter essa relação com a eleição para o Congresso Nacional. É muito difícil fazer maioria depois da eleição. É melhor construir essa maioria política durante a campanha eleitoral. Então, o importante é, primeiro, eleger bancadas afinadas com o programa da companheira Dilma. A nossa experiência do mandato do presidente Lula mostra a importância de ter uma maioria mais definida na Câmara e no Senado. Nós temos de trabalhar com isso, inclusive mostrar para a população que é importante eleger senadores e deputados.
E a bancada de governadores?
No caso de governadores, nós temos de analisar em cada Estado de acordo com quem tem viabilidade e quem pode montar um palanque unificado. O palanque unificado facilita a eleição de deputado e de senador, e nós temos de ter tempo na televisão. Como nós temos um bom governo, precisamos de palanques estaduais e tempo na televisão para falar bem desse governo. Se o PT não tem nome competitivo, deve ceder espaço para os aliados de maneira programática.
A prioridade de eleger grandes bancadas no Congresso já é preventiva ante eventual dificuldade de governar no caso de a ministra Dilma ser eleita?
Ter uma boa e grande bancada é importante para garantir a manutenção, com avanços, dos programas do governo Lula. E nós aprendemos e vivemos essa experiência que a governabilidade no Congresso Nacional tem de avançar para uma governabilidade programática. Qual o caminho que nós temos? Fazer alianças em primeiro turno de maneira transparente. Nós temos de ter bancadas mais unidas, tanto na Câmara quanto no Senado, e o PT tem de priorizar isso. Onde o PT tiver chance de eleger senador, é melhor abrir mão de governador.
Para evitar o que aconteceu com o governo Lula, que precisou compor para montar a base?
O governo Lula fez uma experiência de governabilidade que viabilizou esse projeto que está mudando o Brasil. Esse caminho que, no fundamental, foi vitorioso, nos indica a necessidade de ter bancadas mais programáticas. Principalmente, porque nós queremos continuar com avanços e nós temos de ter mais unidade no programa que vai eleger deputado e senador.
Se a prioridade é eleger uma grande bancada para dar sustentação ao governo, como será a atuação do PT no caso de o PSDB ganhar a disputa para Presidência da República?
Eu quero ganhar a eleição com a Dilma e ter maioria no Congresso Nacional, portanto eu só falo sobre esse cenário.
E se o PT voltar a ser oposição?
Eu não discuto essa possibilidade porque estou 100% empenhado em continuar sendo governo e continuar transformando o Brasil.
Como fechar as alianças nos Estados?
Para ter palanques estaduais unificados, o PT deve reivindicar a cabeça de chapa onde tiver nome competitivo e onde o PT já está governando. Onde não tiver condições, o PT deve ceder espaço para os partidos aliados, para o PMDB, para o PSB, para o PDT, para o PR. O melhor caminho é fazer essa coalizão no voto, nas urnas e na rua. Nós estamos mostrando nossa candidata, nosso programa e estamos dizendo que vamos eleger a Dilma com essas bancadas de senadores e de deputados porque nós temos de ter maioria no Congresso Nacional.
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