Partido prepara nota negando plano de fusão com PMDB Conflagrada, legenda discute substituição de dirigentes
Divulgação
Parceiro de derrota do tucano José Serra, o DEM atravessa uma crise que pode converter em realidade o sonho de Lula de “extirpar” a legenda de cena.
No último sábado (3), o deputado Rodrigo Maia, presidente do DEM, voou do Rio, onde mora, para São Paulo.
Encontrou-se com o prefeito Gilberto Kassab e com o ex-senador Jorge Bornhausen, presidente de honra do DEM.
A dupla disse a Rodrigo que deseja antecipar as eleições internas para a “renovação” do quadro de dirigentes do partido.
A coisa começaria nos municípios, iria aos Estados e alcançaria o DEM federal.
Tudo até o meio do ano, não no final de 2011, como estava previsto.
Assim, com sutileza de elefante, Kassab e Bornhausen informaram ao interlocutor que almejam apeá-lo do posto de presidente.
Como pretexto, mencionou-se a tese segundo a qual a injeção de sangue novo vai “fortalecer” o partido, preparando-o para a eleição municipal de 2012.
Se é assim, respondeu Rodrigo, o primeiro passo é exorcizar o fantasma da fusão com o PMDB. Eliminada a falta de nexo, o DEM iria cuidar, sem pressa, de sua reestruturação.
Patrono da ideia de empurrar o DEM para dentro de uma legenda aliada de Lula e sócia de Dilma Rousseff, Kassab concordou. Bornhausen tampouco fez objeção.
Nos próximos dias Rodrigo divulgará uma nota. No texto, negará o desejo de fusão e dirá que o DEM continua na oposição.
A súbita recuperação dos pendores oposicionistas de Kassab e Bornhausen é vista de esguelha por seus próprios pares:
Ouça-se, por exemplo, o deputado Ronaldo Caiado (GO), vice-líder do DEM: “Isso é história da carochinha...”
“...O que eles querem é colocar o Kassab na presidência do partido para, depois, voltar com a ideia da fusão com o PMDB...”
“...Há duas maneiras de prestar serviço ao governo. Uma é a adesão do DEM ao PMDB...
“A outra é fazer papel de quinta coluna, fomentando a briga na nossa trincheira, no instante em que deveríamos cuidar da estruturação do partido na oposição”.
O bloco antifusão inclui outros expoentes do DEM. Entre eles Agripino Maia (RN) e Demóstenes Torres (GO), dois senadores que sobreviveram ao tsunami Lula.
A resistência, aparentemente majoritária, forçou Kassab a reordenar sua infantaria. Aconselhado por Bornhausen, o prefeito recolheu momentaneamente as armas.
Toma fôlego, esboça a investida contra a presidência de Rodrigo Maia e equipa o paiol para o embate final.
Na parte que diz respeito à fusão, a batalha do DEM é um filme preto e branco. Na batalha pelo controle da legenda, há uma área cinzenta.
Nem todos os que se opõem à rendição ao governo são contrários à substituição de Rodrigo Maia. É nessa zona de sombras que Kassab se move.
Gente como Caiado promete levantar barricadas: "Comigo vão ter trabalho. Não me peçam a solidariedade do suicídio..."
"...Lula falou em extirpar o DEM. Querem dar a ele a autoextirpação. Vou lutar com todas as minhas forças para evitar".
Escrito por Josias de Souza às 08h21
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial