domingo, 5 de dezembro de 2010

Dilma tenta não ser refém do PMDB.


A presidente eleita Dilma Rousseff (PT) tenta de todas as formas não se tornar refém da vontade dos partidos de sua base de sustentação, principalmente o PMDB. Os parlamentares já perceberam as intenções da presidente e se articularam para montar um bloco, com 202 deputados, de quatro legendas (PMDB, PSC, PR e PP) para excluir o PT da presidência da Câmara dos Deputados e manter a petista refém de suas exigências por cargos e vantagens.

Será o primeiro obstáculo para a eleita vencer ou se render as manobras dos deputados. Segue matéria da Folha.com

Dilma descarta manter cotas de siglas aliadas em ministérios DE BRASÍLIA DA ENVIADA A BRASÍLIA A presidente eleita, Dilma Rousseff, mandou abortar qualquer negociação com os partidos aliados para que cada um mantenha os mesmos ministérios em seu governo. Segundo a Folha apurou, a petista avisou a interlocutores que não aceitará essas imposições como critério para repartir os cargos da Esplanada, tampouco entrará no xadrez ministerial vestida numa "camisa-de-força". Ela disse que seu poder de escolha não pode ficar engessado pelas demandas da base, ainda que, em alguns casos, o pleito de manter as pastas seja contemplado. A determinação de Dilma é uma clara reação ao "pacto de não agressão" firmado entre PMDB, PR, PP, PTB e PSC, selado para ampliar seu poder de barganha. Dilma não quer repetir a "fotografia" do atual governo, apesar do carimbo da continuidade. "A presidente eleita vai montar o seu ministério e cabe aos partidos da base aliada darem sustentação a isso.

E todos nós vamos nos colocar contrários a pressões que dizem que tudo tem que ficar como está", disse o líder do governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (PT-SP). Dilma costuma dizer em conversas privadas que atender a essa demanda significa perder autonomia para definir sua própria equipe. A ideia de manter intocados os territórios hoje ocupados partiu do PMDB, defensor da tese de continuar com seis ministérios sob sua tutela. Ela não havia gostado da ideia, e ficou ainda mais contrariada ao ver o PMDB selar pacto com outros partidos.

Em reunião na Granja do Torto anteontem, Dilma determinou que o assunto fosse tratado com seu vice, Michel Temer, presidente do PMDB. Enviou-lhe um recado: quer que ele atue como vice, e não como defensor dos interesses do partido que comanda. A mensagem foi entregue a ele em almoço realizado ontem com os coordenadores da transição. O peemedebista assegurou que atuará em nome do governo, não da legenda. Ele e Dilma conversam sobre isso ontem. O presidente do PT e integrante da coordenação, José Eduardo Dutra, entregou à eleita as demandas dos partidos, com uma constatação que revela as dificuldades de acomodar tantos aliados: "Todos querem manter o mesmo espaço [no governo] e, se possível, aumentar". Dilma considera estratégicos alguns ministérios --caso de Cidades e Comunicações-- e quer nomear pessoas de sua confiança para eles, mesmo que as pastas sejam entregues a partidos. TEMAS Dilma determinou que a equipe de transição organize reuniões temáticas em que se debatam "grandes questões", como saúde, educação e erradicação da miséria. Para isso, quer a presença de especialistas de instituições como Ipea e FGV (Fundação Getúlio Vargas). Ontem, ela discutiu transportes. Em uma articulação típica de chefe da Casa Civil, o coordenador da transição Antonio Palocci pediu à presidente eleita que recebesse técnicos da área para tratar de problemas em torno da licitação do trem-bala. (NATUZA NERY, ANA FLOR, VALDO CRUZ, MÁRCIO FALCÃO E MARIA CLARA CABRAL)

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