quarta-feira, 17 de agosto de 2011
Dilma Rousseff tornou-se uma espécie de fiadora de acordo celebrado entre o seu PT e o PMDB do vice-presidente Michel Temer.
O acerto prevê o apoio do PT à eleição de um deputado do PMDB para presidir a Câmara no biênio 2013-2014.
Reunida com o comando das legendas, na noite de segunda (15), Dilma foi peremptória ao declarar que os compromissos do petismo com seu parceiro serão honrados.
Entre os presentes estava Henrique Eduardo Alves (RN), o líder que o PMDB já apontou como seu candidato ao comando da Câmara.
Presenciaram a cena também Rui Falcão e Valdir Raupp, presidentes do PT e do PMDB, respectivamente.
O gesto de Dilma inseriu-se no esforço que ela empreende para pacificar as relações do Planalto com as legendas que integram sua coalizão.
Em tese, a reiteração do compromisso seria desnecessária. A união foi celebrada de papel passado.
Assinaram o documento o próprio Michel Temer, hoje presidente licenciado do PMDB, e José Eduardo Dutra, que se afastou da presidência do PT por problemas de saúde.
Porém, ruminava-se no PMDB o receio de que o PT não retribuísse o apoio que resultou na conversão do petista Marco Maia (RS) em mandachuva da Câmara até 2012.
Nesse cenário, as palavras de Dilma como que diluíram os temores. Ficou entendido que, nos dois últimos anos do governo, o PMDB dará as cartas no Congresso.
No Senado, embora não haja acordos prévios, o regimento interno assegura à maior bancada a indicação do presidente.
Trabalha para suceder José Sarney (PMDB-AP) o líder Renan Calheiros (PMDB-AL), também presente à reunião com Dilma.
Um pedaço da bancada do PT gostaria de votar num nome alternativo –o do senador Eduardo Braga (PMDB-AM), por exemplo.
Porém, se a indicação de Renan vier endossada pela maioria da bancada de senadores do PMDB, como parece provável, o PT deve depor as lanças.
Dilma realçou durante a conversa a importância da preservação da unidade entre os partidos de seu condomínio, em especial PT e PMDB, os dois maiores.
Disse que a união de propósitos tornou-se ainda mais vital no cenário de crise econômica que se desenha nos EUA e na Europa.
A presidente reiterou que sua previsão de que a crise será longeva. O Brasil, ela repisou, está preparado. Porém...
...Porém, o país não deixará de sentir os efeitos da crise. Que serão maiores se for confirmada a pior hipótese: uma recessão dupla –americana e europeia.
Daí, disse Dilma, a importância de os partidos governistas atuarem em harmonia no Legislativo, aprovando o necessário e evitando o indesejável.
Abriu-se um espaço para que todos os líderes presentes –do PT, do PMDB e do governo—dissessem meia dúzia de palavras sobre a conjuntura.
Na sua vez de falar, Temer ecoou Dilma. Pregou a unidade. Considerou importantes as palavras da presidente. Reiterou os compromissos do PMDB com o governo que integra.
Na semana passada, em reunião do conselho político, que congrega os líderes e presidentes de todos os partidos governistas, Dilma abstivera-se de falar de escândalos.
Dessa vez, falando para a audiência mais restrita, a presidente enfrentou o tema. E o fez de uma maneira que encantou os pemedebês presentes.
Dilma criticou a imprensa, elogiou a tenacidade do ministro Wagner Rossi (Agricultura), apadrinhado de Temer, e isentou de culpas Pedro Novais (Turismo).
Na noite desta terça (16), Dilma voltou a abrir a porta de seu gabinete para políticos. Dessa vez, recebeu dirigentes da ala mais à esquerda: PSB, PCdoB e PDT.
Reiterou o lero-lero que mistura unidade e crise econômica. Nesta quarta (17), deve visitar o gabinete presidencial o pedaço à direita do condomínio: PTB, PP, PRB e PSC.
Escrito por Josias de Souza às 23h01
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