terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Rosanne D'Agostino
Do UOL Notícias
Em São Paulo
O esquema de propina envolvendo o governador José Roberto Arruda e seu vice, Paulo Octávio, no Distrito Federal, pode ser definitivo para acabar com o projeto de mudança de imagem que a sigla de ambos, o DEM (Democratas), vem construindo desde 2005.


O antigo PFL (Partido da Frente Liberal), que mudou de nome em 2007, passou por uma fase de "refundação". A renovação (palavra muito usada por líderes do partido na fase de mudança) inflou nomes como o atual prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o atual presidente da sigla, Rodrigo Maia, além do próprio Arruda, único governador eleito pelo DEM em 2006.

Agora, um dos principais nomes dessa nova fase aparece em vídeos como líder de uma organização que faria pagamento de propina a deputados distritais aliados, em troca de apoio na Câmara Legislativa.

Arruda, que antes de entrar no PFL foi líder do governo Fernando Henrique Cardoso no Senado e deixou o partido tucano em meio a seu envolvimento com o escândalo da violação do painel do Senado, em 2001, nega as acusações e afirma que todos os recursos foram contabilizados.

Para Hilton Cesario Fernandes, mestre em ciência política, o partido "acaba de ter uma vidraça quebrada".

"Para o DEM, é muito ruim mesmo. O partido vinha de uma mudança, e o Arruda era uma das imagens dessa mudança. Agora, terá menos força de negociação, além de perder força de oposição, que poderia bater sem ser atacado", diz o professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.

José Paulo Martins Jr., doutor em ciência política da fundação, vai mais longe e acredita que o escândalo representa um "naufrágio" do já fraco DEM.

"O PFL, atual DEM, está definhando há um certo tempo. Perdeu governos, prefeituras. É um partido de caciques, que desde sua fundação, esteve ao lado do governo. Hoje, está distante de recursos governamentais e, agora, sob esse escândalo. A tendência é o naufrágio", avalia.

Ainda conforme os especialistas, as acusações contra Arruda não são o grande problema do partido. "A cada eleição a sigla se desidrata", diz o professor, que cita os números das últimas eleições. Em 1998, o DEM elegeu 105 deputados federais e seis governadores. Em 2006, foram 65 deputados federais e apenas o governador do DF.

"Até o ano 2000, podia ser chamado de partido nacional. Hoje é regionalizado e bem fraco. Mas tudo isso não decorre do escândalo. O problema é que o principal discurso dessa fase de renovação era o da ética, que evapora. A melhor coisa é tentar isolar, mas é difícil, porque é o único governador", conclui Martins.

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