sábado, 18 de agosto de 2012


Cúpula do PSDB avalia Serra vive ‘inferno astral’



Dirigentes do PSDB passaram a enxergar o cenário eleitoral de São Paulo com um misto de perplexidade e pessimismo. Disseminou-se na legenda a avaliação de que a candidatura de José Serra à prefeitura paulistana está sitiada por indicadores que prenunciam mau agouro.
Na definição de um tucano que se diz “amigo” e “torcedor” de Serra, o candidato atravessa “um inferno astral.” A quatro dias do início da propaganda eleitoral da tevê, arrosta adversidades que “nem os seus piores inimigos imaginavam que enfrentaria.”
Deve-se a perplexidade do tucanato ao desempenho de Celso Russomanno (PRB), um rival insuspeitado. No esboço que o PSDB fizera da disputa, a campanha chegaria à fase televisiva num cenário mais nítido. Imaginou-se que, a essa altura, as pesquisas refletiriam a reedição da velha polarização entre tucanos e petistas.
Nesse enredo, Serra lideraria as sondagens com folga. Beneficiado pela superexposição da campanha presidencial de 2010, roçaria os 40%. Enxergaria no retrovisor um Fernando Haddad já acima dos 15%, a caminho do terço do eleitorado que habitualmente vota no PT.
Nada parecido com a atmosfera insinuada nas últimas pesquisas e reiterada pelos números do Ibope divulgados nesta quinta (16). Além de amargar um empate em 26% com o azarão Russomanno, Serra lida com um lote de adversidades que desafiam o setor de marketing do seu comitê.
O percentual de eleitores que o rejeitam (37% segundo o Ibope) supera em 11 pontos a taxa dos que revelam a disposição de votar nele. Na interpretação do “amigo” tucano, a aversão ao candidato é potencializada por dois fatores. Adicionou-se à má fama adquirida por ter abandonado o mandato de prefeito conquistado em 2004 o apoio tóxico de Gilberto Kassab, um gestor mal avaliado.
Nessa versão, a companhia de Kassab pendurou no pescoço de Serra a âncora de uma administração que a maioria dos paulistanos deseja sepultar. Em outras palavras: Serra representa a continuidade num instante em que o eleitor almeja mudança. Aos olhos do paulistano, o triunfo de Serra significaria uma virada de página. Para trás. É um tipo de sensação que, dependendo do grau de enraizamento, nem a melhor propaganda é capaz de reverter.
O pessimismo da cúpula do PSDB federal foi potencializado pelo cenário de segundo turno perscrutado pelo Ibope. Segundo o instituto, numa disputa direta contra Serra, Russomanno prevaleceria hoje por um placar de 42% a 35%. Coisa que o tucanato jamais imaginou.
Acredita-se que Russomanno, dono de uma vitrine televisiva miúda, pode cair. O problema é que Haddad começou a subir. A despeito do momentâneo déficit de Lula na campanha do PT, o candidato da legenda foi de 6% para 9% em 15 dias.
O deslocamento de Haddad não chegou a ultrapassar a margem de erro da pesquisa. Mas o pupilo de Lula se descola do pelotão de retardatários antes mesmo de ser beneficiado pela exposição do rosto de seu patrono na tevê. Soninha Francine (PPS), Gabriel Chalita (PMDB) e Paulinho da Força (PDT) acotovelam-se agora na casa dos 5%.
A eventual ascensão de Haddad injetaria lógica na disputa, restabelecendo a polarização PT X PSDB. O problema é que, para desassossego do tucanato, os 26% amealhados por Serra no Ibope estão muito aquém dos cerca de 40% que se imaginou que ele teria na fase atual.
Em caso de confirmação dos maus presságios do PSDB, é difícil saber o que seria pior para Serra: a derrota para um Russomano que jamais exerceu cargos executivos ou a derrocada diante de um Haddad debutante em urnas, espécie de versão masculina da ex-poste Dilma Rousseff.

domingo, 5 de agosto de 2012


Recife: Jarbas e Eduardo num mesmo palanque (Josias de Souza)


A reaproximação do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) com o governador Eduardo Campos (PSB) ganhou neste sábado um adorno fotográfico. Após duas décadas de desavenças, a dupla exibiu-se em público na inauguração do comitê de campanha de Jarbas Filho, o Jarbinhas.
Filho do senador, Jarbinhas, 21 anos, disputa sua primeira eleição. Vai às urnas da capital pernambucana como candidato a vereador. Benefiário direto da reaproximação dos ex-desafetos, juntou no seu palanque o prestígio de Jarbas à popularidade de Eduardo.
Na foto, o governador ergueu a mão do filho de Jarbas. E o senador levantou o braço de Geraldo Júlio, o candidato de Eduardo à prefeitura de Recife. As estrelas do ato disseram que a reaproximavam-se com os olhos voltados para 2014. Ao romper a aliança local o unia ao PT, Eduardo ofereceu a Jarbas o pretexto para a antecipação do calendário.
Ao discursar, Jarbas declarou que, no plano nacional, mantém as ressalvas ao governo petistas de Dilma Rousseff. Eduardo cuidou de reafirmar os laços que unem o PSB ao Planalto. “Nossa aliança respeita nossas divergências”, resumiu o senador pemedebê. A despeito do comedimento retórico, 2014 é, hoje, uma janela aberta para novos estreitamentos da inimizade.