segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Partido quer barrar volta da agenda neoliberal


BRASÍLIA - O PT decidiu, em reunião do Diretório Nacional no final de semana, iniciar uma "contra-ofensiva" ao que chamou de uma tentativa da oposição, em especial do PSDB, de "retomar uma agenda neoliberal" no País.

Essa estratégia oposicionista, de acordo com petistas, teve como ponto central e derrubada da emenda constitucional que prorrogava a vigência da CPMF, o que gerou uma perda de R$ 40 bilhões ao orçamento e obrigará o governo a cortar despesas previstas para este ano. Cortes que não devem prejudicar programas sociais e obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), conforme decisão do partido.

"Devemos assegurar que nenhum corte ocorra nas políticas sociais, nos investimentos do PAC e na necessária adequação do estado a novos, mais qualificados e mais universalizados serviços públicos", decidiu o PT.

Em documento aprovado pelo diretório na noite de sábado, o PT diz que o objetivo da oposição nessa suposta tentativa de retomar a "agenda neo-liberal" é "reduzir a presença do Estado e inviabilizar os investimentos do governo Lula em políticas sociais e de infra-estrutura, bem como sua agenda de mudanças para país".

Nesses planos de contra-ofensiva, o PT vetou qualquer possível aliança com o PSDB nas eleições municipais deste ano. De acordo com a resolução, PSB, PC do B e PDT devem ser tratados como aliados "preferenciais e estratégicos" nos estados, mas o PSDB deve ser tratado como o "partido que organiza e radicaliza a oposição sem quartel" ao governo. Uma nova reunião do diretório, que deverá acontecer em março, vai tratar mais especificamente da política de alianças do partido para as eleições municipais de outubro.

"Não temos de fazer aliança com o PSDB e com o DEM, que são oposição à espinha dorsal do nosso projeto maior, do nosso governo", justificou ontem o líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS).

A decisão do PT terá repercussões em Minas Gerais, onde o partido mantém uma boa relação com os tucanos, com conversas preliminares entre o prefeito Fernando Pimentel (PT) e o governador Aécio Neves (PSDB).

"A minha opinião é categórica. Uma circunstância local, no município, não pode mudar de cabeça para baixo a estrutura política no País", afirmou Fontana.

A derrota da prorrogação da CPMF durante votação no Senado em dezembro do ano passado ainda não foi digerida pelos petistas.

Eles consideram que o PSDB foi intransigente e apontam o partido como principal fator para a derrota.

Os petistas argumentam que o governo propôs um entendimento institucional com os tucanos, mas que a oposição fechou as portas à essa proposta.

http://www.tribuna.inf.br/noticia.asp?noticia=politica02



domingo, 10 de fevereiro de 2008

PT elabora resolução que trata de eleições municipais e ética interna do partido

10/02/2008 - 17h16

RENATA GIRALDI
da Folha Online, em Brasília

Depois de quase 12 horas de reunião no sábado, a executiva nacional do PT aprovou uma longa resolução --que será divulgada nesta segunda-feira. Nela, os petistas afirmam que farão uma "contra-ofensiva para barrar a agenda neoliberal", mas não detalham como serão executadas as ações.

Na resolução, o comando do PT indica que PDT, PCdo B e PSB devem ser tratados como aliados "preferenciais e estratégicos" nas eleições municipais. Não menciona proibições a outras parcerias políticas. No momento em que se discute a instauração de uma CPI para investigar eventuais irregularidades envolvendo o uso de cartões de crédito corporativo, o PT defende como prioridade a criação de um Código de Ética ---desde que definidas regras claras proibindo abusos. Mas não cita punições nem há referências ao escândalo atual.

Neste domingo, o comando do partido publicou uma síntese da nota, no site da legenda (www.pt.org.br).

O ministro Tarso Genro (Justiça), que participou da reunião no sábado, informou que a idéia é manter o formato da base aliada que apóia o governo federal também nos municípios. De acordo com o deputado Maurício Rands (PT-PE), apontado como futuro líder da legenda na Câmara, o objetivo é buscar a vitória nos grandes e médios municípios.

Preferenciais

"[A eleição de] 2010 não pode ser definida só [com uma campanha] de São Paulo. Prefiro acreditar que o PT vai ter em 2010 [a vitória nas] médias e grandes cidades", afirmou Rands, que participou da reunião em Brasília.

Segundo a avaliação da executiva, são denominados aliados "preferenciais e estratégicos" o PDT, o PCdoB e o PSB ---apesar de alguns de seus integrantes defenderem a instauração da CPI mista (com deputados e senadores) no Congresso, contrariando a orientação do governo.

Tarso e Rands defendem ainda como prioridade para este ano a elaboração de um Código de Ética. De acordo com a resolução definida na executiva, o código deverá estabelecer "regras claras que vedem internamente todas e quaisquer práticas indutoras de abuso do poder econômico ou político".

CPMF

A derrota da votação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), em dezembro, foi analisada como uma atitude que teria levado a oposição ao isolamento. Segundo a resolução, a rejeição ao "imposto do cheque" foi uma decisão "irresponsável" porque inviabilizaria o sistema de saúde pública no país.

De acordo com a resolução, o PT e o governo devem atuar para evitar que o corte da proposta orçamentária de 2008 não atinja as políticas sociais, os investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e os serviços públicos.

Leia mais