segunda-feira, 29 de agosto de 2011

DEM e PTB tentam impugnar o PSD de Kassab no TSE

Edson Lopes/Folha

Constituído às pressas, o PSD do prefeito de São Paulo Gilberto Kassab enfrenta agora o questionamento de duas legendas.



Foram ao TSE contra a criação do novo partido o PTB e o DEM, a antiga agremiação de Kassab.



O PTB alega ter incorporado a sigla PSD em 2003. Em consequência, Kassab não poderia lançar mão da logomarca.



O velho PSD foi fundado em 1945. Por ele, elegeram-se presidentes Eurico Gaspar Dutra e Juscelino Kubitschek.



Extinto em 1965, nas pegadas do golpe militar, o PSD foi reativado na década de 80 por Nabi Abi Chedid. Depois, em 2003, incorporou-se ao PTB.



Para reforçar a suposta ilegalidade praticada por Kassab, o PTB informa ao TSE que teve de arcar inclusive com as dívidas do PSD.



O DEM centra sua argumentação na certificação das assinaturas recolhidas pela turma de Kassab em todo país.



Sustenta que a nova legenda não seguiu o trâmite previsto numa resolução do próprio TSE. Coisa editada em 1995 e ratificada em 2010.



Por essa resolução, argumenta o DEM, as assinaturas teriam de ser certificadas pelos cartórios eleitores dos signatários.



Em seguida, os tribunais regionais eleitorais emitiriam certidões atestando a legalidade do processo. Só então o pedido de registro seria protocolado no TSE.



No caso do PSB, afirma o DEM, saltaram-se estágios. A requisição de registro aportou no TSE, em 23 de agosto, sem que as etapas anteriores estivessem concluídas.



A legenda de Kassab chegou a ajuizar processos de certificação em 22 Estados. Mas só obteve certidões em Santa Catarina e Goiás. Precisaria de pelo menos nove.



O O PSD, no entanto, entrou com o pedido de registro no TSE em 23 de agosto sem ter os registros necessários nos Estados.



O PSD ajuizou 22 pedidos, mas só tem em mãos duas certidões, de Santa Catarina e Goiânia. São necessárias certidões de, pelo menos, nove Estados.



Nos próximos dias, o TSE vai requerer a manifestação do Ministério Público Eleitoral sobre os dois pedidos de impugnação.



Acionada, a Procuradoria terá dez dias para se manifestar. Depois, o relator do caso no tribunal terá mais 30 dias para instruir o processo.



Só então o caso sera levado ao plenário do TSE. Até lá o PSD, Kassab e as quatro dezenas de políticos que se associaram ao projeto roerão as unhas.



Escrito por Josias de Souza às 18h44



quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Dilma torna-se ‘fiadora’ de acordo do PT com o PMDB

Elza Fiúza/ABr
Dilma Rousseff tornou-se uma espécie de fiadora de acordo celebrado entre o seu PT e o PMDB do vice-presidente Michel Temer.
O acerto prevê o apoio do PT à eleição de um deputado do PMDB para presidir a Câmara no biênio 2013-2014.
Reunida com o comando das legendas, na noite de segunda (15), Dilma foi peremptória ao declarar que os compromissos do petismo com seu parceiro serão honrados.
Entre os presentes estava Henrique Eduardo Alves (RN), o líder que o PMDB já apontou como seu candidato ao comando da Câmara.
Presenciaram a cena também Rui Falcão e Valdir Raupp, presidentes do PT e do PMDB, respectivamente.
O gesto de Dilma inseriu-se no esforço que ela empreende para pacificar as relações do Planalto com as legendas que integram sua coalizão.
Em tese, a reiteração do compromisso seria desnecessária. A união foi celebrada de papel passado.
Assinaram o documento o próprio Michel Temer, hoje presidente licenciado do PMDB, e José Eduardo Dutra, que se afastou da presidência do PT por problemas de saúde.
Porém, ruminava-se no PMDB o receio de que o PT não retribuísse o apoio que resultou na conversão do petista Marco Maia (RS) em mandachuva da Câmara até 2012.
Nesse cenário, as palavras de Dilma como que diluíram os temores. Ficou entendido que, nos dois últimos anos do governo, o PMDB dará as cartas no Congresso.
No Senado, embora não haja acordos prévios, o regimento interno assegura à maior bancada a indicação do presidente.
Trabalha para suceder José Sarney (PMDB-AP) o líder Renan Calheiros (PMDB-AL), também presente à reunião com Dilma.
Um pedaço da bancada do PT gostaria de votar num nome alternativo –o do senador Eduardo Braga (PMDB-AM), por exemplo.
Porém, se a indicação de Renan vier endossada pela maioria da bancada de senadores do PMDB, como parece provável, o PT deve depor as lanças.
Dilma realçou durante a conversa a importância da preservação da unidade entre os partidos de seu condomínio, em especial PT e PMDB, os dois maiores.
Disse que a união de propósitos tornou-se ainda mais vital no cenário de crise econômica que se desenha nos EUA e na Europa.
A presidente reiterou que sua previsão de que a crise será longeva. O Brasil, ela repisou, está preparado. Porém...
...Porém, o país não deixará de sentir os efeitos da crise. Que serão maiores se for confirmada a pior hipótese: uma recessão dupla –americana e europeia.
Daí, disse Dilma, a importância de os partidos governistas atuarem em harmonia no Legislativo, aprovando o necessário e evitando o indesejável.
Abriu-se um espaço para que todos os líderes presentes –do PT, do PMDB e do governo—dissessem meia dúzia de palavras sobre a conjuntura.
Na sua vez de falar, Temer ecoou Dilma. Pregou a unidade. Considerou importantes as palavras da presidente. Reiterou os compromissos do PMDB com o governo que integra.
Na semana passada, em reunião do conselho político, que congrega os líderes e presidentes de todos os partidos governistas, Dilma abstivera-se de falar de escândalos.
Dessa vez, falando para a audiência mais restrita, a presidente enfrentou o tema. E o fez de uma maneira que encantou os pemedebês presentes. 
Dilma criticou a imprensa, elogiou a tenacidade do ministro Wagner Rossi (Agricultura), apadrinhado de Temer, e isentou de culpas Pedro Novais (Turismo).
Na noite desta terça (16), Dilma voltou a abrir a porta de seu gabinete para políticos. Dessa vez, recebeu dirigentes da ala mais à esquerda: PSB, PCdoB e PDT.
Reiterou o lero-lero que mistura unidade e crise econômica. Nesta quarta (17), deve visitar o gabinete presidencial o pedaço à direita do condomínio: PTB, PP, PRB e PSC.

Escrito por Josias de Souza às 23h01

domingo, 7 de agosto de 2011

Saída de Jobim não abala PMDB

A troca de comando no Ministério da Defesa não abalou o PMDB. A cúpula partidária deixou Nelson Jobim largado à própria sorte, durante o período em que o ministro entrou em rota de colisão com a presidente Dilma Rousseff. O comando partidário não se preocupou em defender a permanência do peemedebista no cargo nem indicar qualquer outro nome para o lugar. O posto, repetiram peemedebistas nos últimos dias, é de nomeação pessoal da presidente Dilma.

Além de negar a intenção de fazer o novo ministro, peemedebistas procuraram desfazer qualquer interpretação de que estariam insatisfeitos com a nomeação do diplomata Celso Amorim para substituir Jobim. “Essa história de que a escolha de Amorim para Defesa desagrada o PMDB é mentira deslavada. O partido não indicou Jobim nem tem porque opinar na mudança”, afirmou, por meio do twitter, o vice-presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Geddel Vieira Lima (PMDB).

“Nem a indicação nem a substituição de Jobim foram partidárias”, resumiu o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). Para peemedebistas, o ministro Celso Amorim tem o mesmo peso para o PT no Ministério da Defesa que Jobim tinha para o PMDB. Ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim se filiou ao PT há dois anos, a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Antes, Amorim era filiado ao PMDB.

Apesar da longa história no partido, Jobim é considerado um outsider pela atual cúpula partidária, ou seja, está distante das decisões do partido, apesar de sempre ocupar postos de destaque. Antes do Ministério da Defesa, foi ministro da Justiça, durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, presidiu o Supremo Tribunal Federal (STF) e exerceu mandatos de deputado federal. “Jobim finge que é do PMDB e o PMDB finge que ele é do partido”, resumiu um peemedebista.

Desde a montagem do primeiro escalão da presidente Dilma, o PMDB deixou claro que Jobim não estava na cota partidária destinada à legenda dentro da divisão dos cargos pelos partidos aliados. O Ministério da Defesa é visto pelos políticos como uma pasta técnica sem apelo eleitoral.

WAGNER FALA

Em sua passagem por Salvador, onde participou do Programa Estadual de Inclusão Socioprodutiva do Governo da Bahia (Vida Melhor), a presidente Dilma Rousseff evitou a imprensa e não falou nada sobre as crises que enfrenta em seu ministério e evitou a imprensa.

O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), porém, defendeu fortemente a postura que a presidente, a quem chamou de “mulher coragem”, tem adotado para resolver os conflitos na administração federal.

“Quando a senhora foi chamada a resolver um problema (acusações de corrupção), a senhora teve a coragem de enfrentar aqueles que ainda não entenderam que o povo brasileiro não aceita mais que o dinheiro público saia pelos ralos”, disse, em discurso para cerca de mil pessoas.

“Também teve a coragem, em um momento em que o tratamento não foi correto entre seus auxiliares (referindo-se às declarações dadas pelo ex-ministro da Defesa, Nelson Jobim), de dizer que nós exigimos respeito entre todos os ministros e soube fazer, com muita rapidez, o que era necessário”, afirmou Wagner.
VOZ DO PARTIDO

“O partido não indicou Jobim nem tem porque opinar na mudança", afirmou, por meio do twitter, o vice-presidente da Caixa, Geddel Vieira Lima (PMDB). (Brasília/AE)