sábado, 30 de janeiro de 2016

Inteligência artificial do Google vence campeão europeu de Go

Mais cedo, nesta quarta-feira, 27, o Facebook revelou que estava trabalhando em uma inteligência artificial capaz de vencer jogadores profissionais do jogo de tabuleiro oriental Go. O Google não deixou barato. Foram necessárias apenas algumas horas para a empresa começar a divulgar que, ao contrário do Facebook, a empresa já tem uma inteligência artificial capaz de alcançar este feito.
O artigo está documentado na revista científica Nature, contando como o algoritmo da empresa venceu Fan Hui, o campeão europeu de Go com o software AlphaGo. Agora a empresa prepara o software para tentar enfrentar o jogador número 1 do mundo, Lee Sedol, da Coreia do Sul. A disputa acontecerá em março deste ano em formato de melhor de 5.
É inevitável a comparação com a histórica disputa de xadrez entre o russo Garry Kasparov e o computador Deep Blue, da IBM, em 1997. Na ocasião, o maior enxadrista do mundo foi derrotado por um computador, deixando claro que os avanços da tecnologia iriam além dos limites humanos.
“Se vencermos a disputa em março, será o equivalente a derrotar Kasparov no xadrez”, diz Demis Hassabis, cofundador da DeepMind, a empresa que pertence ao Google (na verdade, à Alphabet) que lidera o projeto do AlphaGo. “Lee Sedol é o maior jogador da década. Isso provavelmente significaria que o AlphaGo é melhor que qualquer humano jogando Go”.
Por que demorou tanto tempo?
Se o xadrez é um dos jogos mais complexos e estratégicos do mundo já é dominado pelas máquinas há quase 20 anos, por que demorou tanto para o Go ser dominado? Acontece que o jogo, apesar de mais simples em jogabilidade, possui muito mais variedade de movimentos, permitindo 1.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000 de posições no tabuleiro. É zero que não acaba mais.
São muitos os movimentos possíveis por um jogador de Go, o que torna a previsão muito mais difícil do que no xadrez. Por isso, foram necessárias mais pesquisas mais profundas em inteligência artificial para chegar a este ponto da tecnologia.
A DeepMind, então, utilizou um tipo de IA chamado aprendizado profundo, que envolve o treinamento de redes neurais com base em dados, como fotos ou textos, permitindo que o computador faça deduções sobre novos dados. A tecnologia é similar à que a empresa aplica em vários outros serviços, como o Google Fotos, por exemplo.
Por que é importante?
O Google reconhece que, por si só, o feito não é relevante. Ganhar de um humano no Go é interessante, mas não traz nenhum benefício prático. No entanto, a empresa também vê no avanço da inteligência artificial uma oportunidade.
“Nosso objetivo é aplicar estas técnicas em problemas importantes do mundo real. Os métodos que usamos são genéricos, então esperamos que um dia possamos estendê-los para ajudar a resolver alguns dos problemas mais complexos e urgentes da sociedade, como estudo do clima e análise de doenças complexas. Estamos empolgados em ver em que poderemos usar esta tecnologia em breve!”, diz o blog oficial da empresa.


quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Morre Marvin Minsky, pioneiro da inteligência artificial

Washington - O cientista americano Marvin Minsky, pioneiro da inteligência artificial, morreu no domingo passado aos 88 anos em um hospital de Boston (EUA) devido a uma hemorragia cerebral, segundo informou nesta terça-feira o Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), onde era professor emérito.
Minsky, nascido em Nova York em 1927, recebeu vários prêmios internacionais por seu trabalho pioneiro e seu papel de mentor no campo da inteligência artificial, entre eles o Turing, a mais alta honra em ciência informática, em 1969.
"Foi o especialista mais importante na teoria da inteligência artificial e seu livro 'The Society of Mind' ("A Sociedade da Mente" é considerado uma exploração 'transcendente' da estrutura e da função cerebral", segundo descreveu o MIT em seu obituário.
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O cientista se incorporou ao Departamento de Ciência Informática e Engenharia Elétrica do MIT em 1958 e foi um dos fundadores do Laboratório de Inteligência Artificial um ano depois.
No laboratório explorou como dotar as máquinas de percepção e inteligência similar à humana, criou mãos robóticas com capacidade para manipular objetos, desenvolveu novos marcos de programação e escreveu de maneira extensa sobre assuntos filosóficos relacionados com a inteligência artificial.
Minsky estava convencido de que o homem desenvolverá um dia máquinas que vão competir com sua inteligência, embora nos últimos anos tenha advertido que "quanto vai demorar dependerá de quanta gente estiver trabalhando nos problemas corretos".
Em 1985, Minsky passou a ser membro fundador do Laboratório de Mídia do MIT, onde foi professor e mentor até pouco antes de sua morte.
O matemático nova-iorquino via o cérebro como uma máquina cujo funcionamento pode ser estudado e replicado em um computador, algo que poderia ajudar a compreender melhor o cérebro humano e as funções mentais superiores.
Entre essas perguntas estão as de como dotar as máquinas de bom senso, o conhecimento que os humanos adquirem a cada dia através da experiência; ou como, por exemplo, ensinar a um sofisticado computador que para arrastar um objeto com uma corda precisa puxar e não empurrar, um conceito simples de aprender para uma criança de dois anos.
O cientista publicou seu último livro em 2006, sob o título "The Emotion Machine: Commonsense Thinking, Artificial Intelligence, and the Future of the Human Mind", ("A Máquina das Emoções: Pensamento de Bom Senso, Inteligência Artificial, e o Futuro da Mente Humana").
Minsky entrou na Universidade de Harvard após lutar com a Marinha dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial.
Após se graduar da famosa universidade, localizada como o MIT em Cambridge (Massachusetts), se incorporou à Universidade de Princeton, onde obteve seu doutorado em matemática quatro anos depois.
Em seu primeiro ano em Princeton, construiu sua primeira rede de simulação neuronal.
Além de seu reconhecimento no campo da inteligência artificial, Minsky era um talentoso pianista e publicou em 1981 um influente artigo que iluminou as conexões entre a música, a psicologia e a mente.