Partido quer barrar volta da agenda neoliberal
BRASÍLIA - O PT decidiu, em reunião do Diretório Nacional no final de semana, iniciar uma "contra-ofensiva" ao que chamou de uma tentativa da oposição, em especial do PSDB, de "retomar uma agenda neoliberal" no País.
Essa estratégia oposicionista, de acordo com petistas, teve como ponto central e derrubada da emenda constitucional que prorrogava a vigência da CPMF, o que gerou uma perda de R$ 40 bilhões ao orçamento e obrigará o governo a cortar despesas previstas para este ano. Cortes que não devem prejudicar programas sociais e obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), conforme decisão do partido.
"Devemos assegurar que nenhum corte ocorra nas políticas sociais, nos investimentos do PAC e na necessária adequação do estado a novos, mais qualificados e mais universalizados serviços públicos", decidiu o PT.
Em documento aprovado pelo diretório na noite de sábado, o PT diz que o objetivo da oposição nessa suposta tentativa de retomar a "agenda neo-liberal" é "reduzir a presença do Estado e inviabilizar os investimentos do governo Lula em políticas sociais e de infra-estrutura, bem como sua agenda de mudanças para país".
Nesses planos de contra-ofensiva, o PT vetou qualquer possível aliança com o PSDB nas eleições municipais deste ano. De acordo com a resolução, PSB, PC do B e PDT devem ser tratados como aliados "preferenciais e estratégicos" nos estados, mas o PSDB deve ser tratado como o "partido que organiza e radicaliza a oposição sem quartel" ao governo. Uma nova reunião do diretório, que deverá acontecer em março, vai tratar mais especificamente da política de alianças do partido para as eleições municipais de outubro.
"Não temos de fazer aliança com o PSDB e com o DEM, que são oposição à espinha dorsal do nosso projeto maior, do nosso governo", justificou ontem o líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS).
A decisão do PT terá repercussões em Minas Gerais, onde o partido mantém uma boa relação com os tucanos, com conversas preliminares entre o prefeito Fernando Pimentel (PT) e o governador Aécio Neves (PSDB).
"A minha opinião é categórica. Uma circunstância local, no município, não pode mudar de cabeça para baixo a estrutura política no País", afirmou Fontana.
A derrota da prorrogação da CPMF durante votação no Senado em dezembro do ano passado ainda não foi digerida pelos petistas.
Eles consideram que o PSDB foi intransigente e apontam o partido como principal fator para a derrota.
Os petistas argumentam que o governo propôs um entendimento institucional com os tucanos, mas que a oposição fechou as portas à essa proposta.
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