Presidente reeleito do PT sinaliza que vai trabalhar para evitar prévias no partido em MG
Rayder Bragon
Especial para o UOL Notícias
Em Belo Horizonte
Reeleito para comandar o PT estadual de Minas Gerais por mais dois anos, o deputado federal Reginaldo Lopes admitiu ainda não ter uma proposta de conciliação a ser apresentada ao ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome) e ao ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, pré-candidatos petistas ao governo do Estado, em 2010.
Eleição do PT expõe racha
Após três dias de paralisação por conta de denúncias de fraudes em atas de votação, o deputado federal Reginaldo Lopes foi reeleito em segundo turno presidente estadual do PT em Minas Gerais com 52,4% de votos contra 47,6%, obtidos pelo secretário nacional de comunicação da legenda, Gleber Naime
Lopes sinalizou que irá trabalhar para evitar prévias para a escolha do candidato do partido. Defendidas por Patrus, as prévias são rechaçadas por Pimentel, que assegura não haver tempo hábil para realizá-las. O ex-prefeito argumenta que o PED (Processo de Eleição Direta), vencido por Lopes, seria sinalizador de quem disputaria o governo pelo partido - o deputado é ligado a Pimentel, que o apoiou na disputa do comando estadual da legenda contra o secretário nacional de comunicação petista, Gleber Naime, candidato de Patrus.
O PED deste ano foi marcado por acusações, por ambos os lados, de fraude em atas de votação. A eleição em 2º turno transcorreu no dia 6 deste mês. A contagem dos votos chegou a ser paralisada por três dias e foi preciso a intervenção da Executiva Nacional do PT em Minas para dar continuidade ao processo. Somente na última sexta-feira (11) o resultado da eleição foi confirmado. Apesar disso, o deputado atenua o racha e diz que a legenda vai se unir em torno dos dois nomes.
Lopes disse ter se encontrado com Patrus Ananias, no último sábado, quando ficou acertada uma reunião. "Eu já conversei muito com o Pimentel, que é o meu candidato, e conversei também com o Patrus Ananias. Com o ministro, foi agendada uma reunião. Eu não apresentei uma proposta. Eu quero ouvir primeiro, para depois buscar a convergência", adiantou.
Confrontado se sua posição de presidente e a escolha pessoal por Pimentel não geraria conflito de interesses, ele afirmou ter feito a escolha apenas como militante. "Na minha campanha de reeleição, eu sempre disse que tanto o Patrus como o Pimentel reunificam o PT. Ao contrário do meu oponente, que dizia somente o ministro ter essa capacidade. A minha vitória não elimina a possibilidade do Patrus ser candidato. Mas, como militante, tenho obrigação de ter a minha escolha", disse.
Chance de vitória
Reginaldo Lopes afirmou que o PT não vai ceder na candidatura própria ao governo do Estado, em 2010. Ele considera que o partido nunca esteve tão perto de comandar o Estado pela 1ª vez.
"O caminho é construir, com consenso e com convergência, uma candidatura para o governo do Estado e outra para o Senado", disse em relação a Patrus e Pimentel.
Segundo Lopes, a quem dos dois caberá os respectivos cargos, dependerá de consenso entre eles. "Pela primeira vez na história de Minas e do PT, o partido se unifica em torno da candidatura do Fernando Pimentel e do Patrus Ananias. O partido já disputou no passado com grandes nomes o governo do Estado. Mas a grande oportunidade, a chance real, é em 2010. Isso está muito cristalizado no interior do PT através de pesquisas qualitativas. E (a chance) começa a ser sinalizada também nas pesquisas quantitativas em torno dos dois nomes do PT", disse Lopes.
Para ele, além de o partido ter atualmente dois nomes de peso, o governo Lula trouxe avanços ao país que cacifaram o partido em Minas a tentar de forma mais consistente comandar o Palácio da Liberdade, sede oficial do governo.
PMDB
O petista disse que vai começar "um diálogo institucional" com o recém-eleito presidente estadual do PMDB, deputado Antônio Andrade. O peemedebista é ligado ao ministro das Comunicações, Hélio Costa, pré-candidato ao governo de Minas Gerais pelo partido. Questionado sobre o entrave entre as duas siglas no Estado, Lopes disse que o diálogo é a melhor solução.
"Eu poderia dizer que eles (PMDB) também estão sendo intransigentes, porque eles disseram que terão candidatura própria. Eles estão dizendo que nós também somos intransigentes. Então nós vamos conversar", avaliou.