sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Lula e o vice de Dilma: ‘Se PMDB quiser Temer, será’

Lula Marques/Folha

Lula pediu ao presidente eleito do PT, José Eduardo Dutra, que desfaça as intrigas que envenenam as relações com o PMDB.

Mostrou-se especialmente preocupado com o “diz-que-diz” que se formou ao redor da escolha do vice ideal para a candidata Dilma Rousseff (PT).

O presidente encareceu a Dutra, segundo o repórter apurou, que levasse aos dirigentes do PMDB três informações:

1. Deseja que o debate sobre o vice saia do noticiário. Considera a discussão prematura.

2. Não há dúvida quanto à primazia do PMDB na indicação do vice. Apenas não gostaria que a escolha ganhasse ares de imposição.

3. “Se o PMDB quiser que seja o Temer, será o Temer”, o presidente mandou Dutra informar.

Depois da intervenção de Lula, o grão-petismo saiu a campo. O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP) recebeu um par de telefonemas.

Um dos que tocaram o telefone para o deputado foi o próprio Dutra. Cuidou de acalmá-lo.

Pediu a Temer que não dê crédito, por “inverídicas”, às notícias que informam sobre resistências ao nome dele no PT e no comando da campanha de Dilma.

Outro que ligou para Temer foi Cândido Vaccarezza (SP), novo líder de Lula na Câmara. Disse-lhe o que vai na alma de Lula sobre a questão do vice.

Em arremate, Ricardo Berzoini (SP), que se prepara para deixar a presidência do PT em fevereiro, veio ao meio-fio para dizer:

"Não há qualquer problema. É uma crise artificial. Não existe no PT nenhum tipo de restrição ao Michel Temer. A indicação é do PMDB, não é nossa”.

Assim, a semana termina com o desarme do que parecia ser uma bomba relógio, prestes a explodir.

Unificado em torno de Temer, que será reconduzido à presidência do partido em 6 de fevereiro, o naco governista do PMDB olhava de esguelha para o PT.

Ouvido pelo repórter, Temer manteve o timbre cauteloso que o caracteriza. Não há candidatura a vice, ele diz. O debate sobre o tema se dará mais adiante, completa.

Temer acomoda os “bois” das negociações regionais à frente do “carro” da definição do vice.

Antes de fixar a chapa, diz ele, é preciso fechar os palanques estaduais. Estima que a questão só irá à mesa entre os meses de abril e maio.

Antes, portanto, da convenção em que o PMDB homologará (ou não) o apoio a Dilma, em junho.

Fica boiando na atmosfera a pergunta: Mas, afinal, o vice de Dilma será Temer?

Um petista que se considera entendido em Lula, disse ao repórter que o presidente deve ser tomado a sério quando diz que, “se o PMDB quiser, será”.

Realça, porém, um detalhe: Lula poderia ter dito a Temer, ele próprio, o que mandou Dutra dizer.

Terceirizou o recado porque, mais adiante, se julgar que Temer não é a melhor opção, pode entrar em campo para tentar convencer o PMDB a apontar outro nome.

São três as alternativas que frequentam o pano verde: além de Temer, o ministro Hélio Costa (Comunicações) e o presidente do BC, Henrique Meirelles.

Aos olhos de hoje, o nome mais forte é o de Temer. Se o PMDB quebrar lanças por ele, o deputado prevalecerá.

O essencial, na visão de Lula, é assegurar a presença do sócio majoritário do consórcio governista na coligação que dará suporte a Dilma.

Escrito por Josias de Souza às 19h32

sábado, 23 de janeiro de 2010

PMDB: Quércia cogita ir à Justiça contra convenção

José Cruz/ABr

Pode terminar na Justiça a decisão da cúpula do PMDB de antecipar em um mês a convenção que reelegerá Michel Temer à presidência da legenda.

Em articulação subterrânea, Orestes Quércia ergue barricadas contra a realização do encontro. Cogita recorrer ao Judiciário.

O mandato de Temer expira em 10 de março. Decidiu-se reconduzi-lo ao posto antes disso, em 6 de fevereiro.

Implicitamente, Temer tonifica-se como principal alternativa à vaga de vice de Dilma Rousseff.

Algo que o deputado diz não estar em questão no momento.

O agendamento da convenção foi decidido na última quarta (20), num jantar que reuniu em Brasília os principais caciques do PMDB pró-Dilma.

Expoente do PMDB pró-Serra, Quércia abespinhou-se. Pendurado ao telefone, arrebanha aliados. Já conversou com três personagens.

Dois são, como ele, pemedebês aliados do tucano José Serra: o senador Jarbas Vasconcelos (PE) e o governador Luiz Henrique (SC).

O outro é o governador Roberto Requião (PR), que tenta, até agora em vão, viabilizar-se como candidato do PMDB ao Planalto.

Quécia informou ao interlocutores que encomendaria uma análise jurídica. Quer assegurar-se de que há espaço para contestar a convenção na Justiça.

Enxerga no abreviamento da convenção uma manobra para fortalecer o grupo pró-Dilma, em detrimento dos que se opõem ao acordo esboçado em torno dela.

Semeou em solo fértil. Encontrou, por exemplo, um Jarbas Vasconcelos irritado. O recesso do Congresso termina em 2 de fevereiro.

Dali a quatro dias, num sábado, ocorrerá a convenção. Tudo a toque de caixa, diz Jarbas, sem maiores discussões. Um rolo compressor.

Embora reúna políticos de expressão, a dissidência do PMDB é, hoje, francamente minoritária. É improvável que consiga produzir algo além de barulho.

O senador Pedro Simon (RS), outro dissidente, anuncia a intenção de aproveitar a convenção para puxar um debate sobre a candidatura presidencial própria.

Vai empinar no encontro o nome de Requião, já formalmente apresentado ao partido como candidato à sucessão de Lula.

Ouça-se Simon: “O maior partido do país, com tantos serviços prestados ao povo brasileiro...”

“Não pode se deixar amesquinhar por um grupo que serve apenas aos seus projetos e interesses pessoais”.

Além do posto de presidente, reacomodado no colo de Temer, a convenção de 6 de fevereiro vai deliberar sobre os cargos da Executiva e do diretório nacional.

Presidente do diretório do PMDB de São Paulo, Quércia é também membro da Executiva nacional. Seu cargo é um dos que vão ao pano verde.

Afora as ligações para Jarbas, Luiz Henrique e Requião, Quércia tocou o telefone para Michel Temer. Alcançou-o na manhã desta sexta (22).

Informou a Temer acerca de sua contrariedade com a antecipação da convenção. Ouviu do interlocutor uma explicação minuciosa.

No relato a Quércia, Temer retirou da providência a pecha de manobra. Disse que, inicialmente, imaginara-se fazer a convenção em 27 de fevereiro, um sábado.

Ouviram-se ponderações sobre a inconveniência da data. O Carnaval termina no dia 16. Em alguns Estados o samba costuma prolongar-se.

Concluiu-se que seria difícil arrastar os convencionais a Brasília. Pensou-se no dia 13. Dá no sábado de Carnaval. Daí a escolha do dia 6, o sábado pré-carnavalesco.

Temer foi além: disse que, havendo o desejo de Quércia de manter-se na Executiva nacional, zelaria para que lhe fosse assegurada uma vaga.

Conversaram sobre a presença no encontro do dia 6 dos convencionais de São Paulo. No total, são 20 –11 indicados por Quércia; nove indicações de Temer.

Temer depreendeu da conversa que Quércia não causaria entraves à participação dos delegados paulistas com assento na convenção.

Quércia deu ciência a Temer dos contatos que mantém com a turma dos descontentes. “Preciso fazer o que é melhor pra mim”, disse ele.

Omitiu, porém, a idéia de converter a convenção numa encrenca judicial. Temer só tomaria conhecimento da cogitação mais tarde, por terceiros.

O deputado deu de ombros. Sustenta que o mandato da atual direção do PMDB expira em 10 de março. A renovação é um imperativo.

De resto, afirma que não há óbices legais à antecipação da data. A convenção, diz Temer, pode realizar-se “até” 10 de março, em qualquer data.

Temer chega mesmo a desqualificar o vocábulo “antecipação”. Por quê? Não se poderia antecipar algo que ainda não havia ainda sido marcado, ele diz.

Escrito por Josias de Souza às 03h58

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Caiado critica apoio do DEM a Arruda e diz que vai pedir dissolução do diretório no DF



MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília

O líder do DEM na Câmara dos Deputados, Ronaldo Caiado (GO), reagiu nesta quinta-feira à decisão do diretório do partido no Distrito Federal de manter apoio ao governo de José Roberto Arruda (sem partido). Ele disse que vai cobrar da Executiva Nacional a dissolução do diretório local.

Caiado afirmou que a manutenção do apoio não faz sentido porque a cúpula nacional do DEM decidiu romper com Arruda, que é acusado de participar de um esquema de arrecadação e pagamento de propina.

"Não há como expor o partido a essa situação [de apoio a Arruda]. Esse não é o pensamento da Executiva Nacional. Vou entrar com pedido de dissolução do diretório", disse.

Em uma reunião na manhã de hoje, o diretório regional do DEM decidiu manter apoio ao governo, que é acusado de corrupção, e dar sustentação ao vice-governador, Paulo Octávio, no cargo.

Paulo Octávio negou que seja incoerente o DEM ter ameaçado Arruda de expulsão e o partido continuar apoiando o governo local.

"O partido continuará apoiando as ações do governo que constam no plano de governo aprovado em 2007 e que estão sendo bem implementadas em benefício da população. O partido [DEM no DF] tem a sua posição e tem agido da forma mais correta possível, sempre tomando as decisões por unanimidade", disse.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Empresários ao priorizarem o "investimento" nos partidos, exarcebarão as ditaduras partidárias, beneficiando desigualmente os candidatos

Carlos Ayres Britto, vê com preocupação o uso de caixa dois nas eleições e a dificuldade de identificar o "caminho de volta" do dinheiro das doações

Ministro Carlos Ayres Britto: a tendência dos empresários priorizarem doações ocultas torna difícil identificar o "caminho de volta" do dinheiro "doado".

Somente quando for instituído o financiamento público de campanha política os eleitos deixarão de ser autêticos "laranjas" do empresariado.

O atual modelo de financiamento de campanha torna meros "laranjas" dos empresários os detentores de mandatos, obtidos mediante esta prática elitista.

Os atuais parlamentares são responsáveis pelo modelo espúrio de financiamento de campanha política.

A doação oculta para campanha política torna uma farsa as eleições no Brasil

Leia o que publica a

Folha de S. Paulo


Manchete: Empresários vão priorizar doações ocultas na eleição

Dinheiro dado a partido impede identificação do candidato que o usou

Empresários devem piorizar as doações diretas aos partidos, e não aos candidatos, nas eleições deste ano.

Chamada de "doação oculta", ela impede a identificação do candidato que utilizou os recursos.

Além disso, protege as empresas, ao não vinculá-las publicamente a nenhum político.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Carlos Ayres Britto, vê a tendência com preocupação.

Segundo ele, com essa doação fica mais difícil identificar o "caminho de volta" do dinheiro.

Outra preocupação de Britto é o uso de caixa dois."

O presidente do TSE, Carlos Ayres Britto, vê com preocupação a tendência dos empresários priorizarem doações ocultas na eleições

Somente quando for instituído o financiamento público de campanha política os eleitos deixarão de ser autêticos "laranjas" do empresariado

O atual modelo de financiamento de campanha torna meros "laranjas" dos empresários os detentores de mandatos, obtidos mediante esta prática elitista

Os atuais parlamentares são responsáveis pelo modelo espúrio de financiamento de campanha política.

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Dinheiro dado a partido impede identificação do candidato que o usou

Empresários devem piorizar as doações diretas aos partidos, e não aos candidatos, nas eleições deste ano.

Chamada de "doação oculta", ela impede a identificação do candidato que utilizou os recursos.

Além disso, protege as empresas, ao não vinculá-las publicamente a nenhum político.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Carlos Ayres Britto, vê a tendência com preocupação.

Segundo ele, com essa doação fica mais difícil identificar o "caminho de volta" do dinheiro.

Outra preocupação de Britto é o uso de caixa dois."