quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

DEM deve acabar com diretório regional do DF e expulsar filiados do governo Arruda

Camila Campanerut
Do UOL Notícias
Em Brasília

A Executiva Nacional do DEM se reúne na tarde desta quarta-feira (24) no Senado Federal para votar sobre o futuro da legenda no Distrito Federal.
Desfiliação e renúncia de Octávio no DF melhoram a imagem do Democratas?


A cúpula do DEM condenou a postura do diretório regional que manteve o apoio ao governo de José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), apesar da indicação do comando nacional de que todos os seus filiados entregassem seus cargos no governo, depois de anunciadas as denúncias de corrupção.

Segundo o presidente nacional do DEM, o deputado federal Rodrigo Maia (RJ), a pauta do encontro é a votação da dissolução da regional e a cassação de todos os filiados que atuem no governo do DF e que ainda não tenham se desfiliado. "Alberto Fraga [secretário de Transportes do DF], por exemplo, deixou claro que vai entregar o cargo. Todos os filiados terão que deixar o governo do DF no momento adequado", afirmou Maia.

Uma vez aprovada a dissolução do diretório, uma nova comissão provisória será formada para ficar no comando da legenda. De acordo com o deputado Ronaldo Caiado (GO), a comissão terá a prerrogativa de montar o novo diretório no Distrito Federal.

Nesta terça-feira (23), o cenário político do Distrito Federal mudou. O governador interino Paulo Octávio entregou sua carta de desfiliação ao partido e uma carta de renúncia ao cargo à Câmara Legislativa. Com a saída dele, o governador interino do DF passa a ser, pela linha sucessória, o presidente da Câmara Legislativa, Wilson Lima (PR). Assim, quem assume a presidência da Câmara é o deputado distrital Cabo Patrício (PT), que estava na vice-presidência da Casa.

O governador afastado, José Roberto Arruda, continua preso na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, desde o dia 11 de fevereiro. Segundo sua assessoria, não há indicação, por enquanto, de que ele pretenda renunciar ao cargo – sem o cargo, Arruda poderá ser levado ao Complexo Penitenciário da Papuda, como preso comum.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

PT deve dizer "não" a PMDB, afirma Singer

ANA FLOR
da Folha de S.Paulo

Num momento em que a simples menção ao PMDB no documento petista sobre políticas de alianças provocou intenso debate no congresso do partido que terminou ontem --e que resolveu não citar a sigla como principal aliada na campanha--, o cientista político André Singer vai além: defende que o PT tenha coragem de dizer "não" ao PMDB.

Singer, que foi secretário de Imprensa e porta-voz da Presidência no primeiro mandato de Lula, afirma que o "baixo teor programático do PMDB é danoso para o sistema partidário brasileiro" e que o PT ganharia mais se desse preferência a uma aliança com o PSB.

FOLHA - O PT ainda é um partido de massas e de trabalhadores?
ANDRÉ SINGER - Continua sendo, mas já com as mudanças que eram previsíveis, de acordo com a trajetória dos grandes partidos socialistas das democracias ocidentais. O PT teve uma trajetória de sucesso eleitoral relativamente rápida. Isso faz com que o peso no partido dos que têm mandato comece a crescer. Essa trajetória faz com que o grau de participação, a chamada militância, vá diminuindo ao longo do tempo. Não é mais a militância da primeira década.

FOLHA - O que fez a influência de Lula crescer tanto no partido?
SINGER - O principal fator é o que eu tenho chamado de lulismo. É um fenômeno novo. Não é o resultado, ao meu ver, de um realinhamento eleitoral. A base social que elegeu Lula em 2006 é diferente da que o elegeu em 2002. Essa nova base social são os eleitores de baixíssima renda, foram o resultado de políticas de governo do primeiro mandato. Esse primeiro mandato significou uma mudança tão importante na estrutura eleitoral do país que deu ao presidente uma base que é relativamente autônoma do partido.

FOLHA - É uma base diferente daquela que sustenta o PT?
SINGER - O PT tem uma base eleitoral ampla, mas é uma base historicamente de classe média. O lulismo trouxe essa novidade de estar ancorado nessa base de baixo. Isso faz com que a adesão seja mais a uma figura que tem grande visibilidade do que a uma instituição, a um partido. Eu acho que é possível que haja uma convergência entre essa base social e o PT.

FOLHA - Se essa adesão ao projeto se confirmar, garantiria, então, a eleição da escolhida do presidente?
SINGER - É a minha percepção. É mais uma adesão de projeto do que carismática.

FOLHA - Quais os efeitos, para o PT, de uma aliança com o PMDB?
SINGER - O PMDB tem se caracterizado por ser um partido de baixo teor programático, o que é danoso para o sistema partidário brasileiro. Faz com que a política fique parecendo algo que diz respeito aos interesses dos políticos.

FOLHA - Então é ruim para o PT?
SINGER - A opção preferencial pelo PMDB fortalece esse aspecto negativo. Ela é compreensível do ponto de vista pragmático. Na minha opinião, o PT deveria arcar com um certo risco de procurar primeiro os partidos que estão mais próximos a ele no campo de esquerda e de centro-esquerda. No caso, o PSB, que tem como pré-candidato Ciro Gomes. O PSB ainda é um partido ideologicamente mais próximo do PT. Eu também poderia me referir ao PDT, ao PC do B. O PT deveria retomar uma prática de que suas alianças fossem orientadas pelo programa.

FOLHA - O PT decidiu não correr o risco por ter uma candidata eleitoralmente fraca?
SINGER - Eu acho que o problema é de outra natureza. Acho que o pragmatismo é uma força extraordinária em partidos eleitorais. Todo partido tende a ser fortemente pragmático.

FOLHA - Mas se o candidato fosse alguém mais conhecido do eleitor, seria diferente?
SINGER - Eu não sei. Uma vez estabelecidos os critérios pragmáticos, como o tempo na TV e essa relativa capilaridade eleitoral [do PMDB], sempre será um elemento fortemente levado em consideração. O que está em jogo é pragmatismo versus opção programática.

FOLHA - O fato de Lula ter escolhido a candidata enfraquece o PT?
SINGER - Essa é uma condição que está relacionada com a grande influência de uma liderança carismática, que tem os votos. Sem dúvida, ela significa que o partido é fortemente influenciado por essa liderança.

FOLHA - O lulismo pode engolir o PT?
SINGER - A questão se vai haver essa convergência ou não vai depender de em que medida esses eleitores que a meu ver aderiram ao lulismo irão pouco a pouco votar no PT. Nas eleições de 2006 os estudos mostram que isso não aconteceu. A base social do PT continua sendo a base social tradicional, mais forte no Sudeste e no Sul do que no interior do Norte e Nordeste. Dá para ver essa diferença entre lulismo e petismo.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

PT referenda indicação de Dilma Roussef à Presidência neste sábado

Camila Campanerut
Do UOL Notícias
Em Brasília

Filiados e delegações do PT de todo país confirmam a indicação da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, como pré-candidata única do PT ao Planalto nas eleições deste ano. O referendo acontece neste sábado (20), em Brasília, no terceiro dia do 4º Congresso do Partido dos Trabalhadores, que acontece em Brasília.

  • Ricardo Stuckert/Presidência da República

    O presidente Lula ao lado de Dilma durante a cerimônia de inauguração da barragem Setúbal, em Jenipapo (MG), no dia 19 de janeiro

A apresentação da candidatura sem concorrência interna repete a receita de 2006, quando não havia dúvidas de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sairia novamente pela legenda para apostar na reeleição.

No que se refere à rejeição do eleitorado à ideia de Dilma como candidata, a última pesquisa da CNT/Sensus identificou que este índice caiu: em novembro passado era de 34,4%, e em janeiro apontava 28,4%. Segundo o levantamento, houve uma redução pela metade na diferença entre ela e o possível pré-candidato do PSDB, o governador de São Paulo, José Serra: de 10,1% em novembro para 5,4% em janeiro. O tucano registrou 33,2% e a ministra teve 27,8% das intenções de votos na última pesquisa.

A candidata escolhida por Lula não terá de passar pelo mesmo que Lula viveu em 2002. Ele teve de ser submetido a uma prévia dentro do partido, em que concorreu com o senador por São Paulo, Eduardo Suplicy – que angariou cerca 15% dos votos.

Suplicy, que tem se envolvido em polêmicas nos últimos anos, foca no momento em uma outra briga: sair como pré-candidato ao governo de São Paulo. Podem fazer frente a ele nomes como o da ex-mulher e ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, do senador Aloizio Mercadante e do ex-ministro da Fazenda e deputado federal, Antônio Palocci. Também não estão descartados o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia, o prefeito de Osasco, Emídio de Souza, e o ministro da Educação, Fernando Haddad.

Uma possibilidade ainda não rejeitada para ter apoio do partido em São Paulo é a do deputado da base aliada, Ciro Gomes (PSB-CE) que, em caso de apoiar a candidatura de Dilma em nível nacional, poderia ser o candidato do PSB para o governo paulista.

“Todos aceitaram a Dilma em consenso e, eu, em especial”, revelou o senador Eduardo Suplicy (SP). “Da minha parte, eu disse a Dilma Rousseff que compreendo os méritos que a fizeram ser a escolhida. E ela compreendeu a minha parte e o meu programa renda cidadã foi aprovado como emenda de aperfeiçoamento ao programa Bolsa-Família, pelo programa do PT”, completou.

O deputado federal José Genoíno, no entanto, ressaltou que “o programa do PT não é o programa de Dilma”, e sim parte dele.

Sobre a candidatura única, o deputado federal Ricardo Berzoini alegou que não houve inscritos e o consenso do partido fechou com o nome da ministra.

"Ela [Dilma] tem histórico de militância de esquerda, participou dos principais feitos do governo Lula. A candidatura única é uma mostra expressiva da unidade do PT”, defendeu Genoino.

Biografia
A mineira de Uberaba, Dilma Vana Rousseff, ocupou a cadeira de ministra-chefe da Casa Civil desde a demissão de José Dirceu, em 2005, acusado de envolvimento no suposto mensalão pago por dirigentes do PT a parlamentares da base aliada do governo.

Ainda no governo Lula, foi ministra de Minas e Energia de 2003 a junho de 2005. Antes de filiar-se ao Partido dos Trabalhadores, em 2001, Dilma era do PDT. Nas décadas de 1980 e 1990 atuou no governo do Rio Grande do Sul, nas secretárias da Fazenda e de Energia, Minas e Comunicações, e nos governos de Alceu Collares (PDT) e Olívio Dutra (PT).

Na juventude, participou da luta armada contra a ditadura militar. Teve atuações como militante no Polop (Política Operária), no Colina (Comando de Libertação Nacional), e no VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares). Foi torturada e ficou presa por quase três anos.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

No DF, PSDB negocia com Roriz, o mentor de Arruda

Fábio Pozzebom/ABr

A implosão da candidatura reeleitoral de José Roberto Arruda deixou o presidenciável tucano José Serra sem palanque no Distrito Federal.

Para contornar o problema, o PSDB negocia em segredo o apoio de outro candidato ao governo do DF, Joaquim Roriz –ex-PMDB, hoje no PSC.

Ex-governador, Roriz é uma espécie de mentor político de Arruda, que foi seu secretário de Obras.

Eleito em 2006, com o apoio velado de Roriz, Arruda manteve no GDF auxiliares de seu criador. Entre eles Durval Barbosa.

O mesmo Durval que, no ano passado, fechou com o Ministério Público o acordo de delação premiada que o levou a denunciar Arruda e Cia..

Sob Roriz, Durval presidia a Codeplan (Cia de Desenvolvimento do Planalto). Sob Arruda, permaneceu no posto até virar secretário de Relações Institucionais.

Durval já recolhia propinas junto a fornecedores do GDF na era Roriz. Ajudou a fornir um caixa dois que bancou a reeleição do ex-chefe, em 2002.

Investigado por malfeitos em série –de fraudes em licitações a sobrepreço— Durval tornou-se réu em 37 processos judiciais.

Daí o interesse dele na delação premiada. Colabora com a Polícia Federal e com o Ministério Público de olho na redução de pena.

Na era Arruda, Durval manteve aberta a usina de arrecadção de verbas de má origem. Cercou-se, porém, de cuidados.

Passou a gravar os beneficiários da coleta. Produziu uma videoteca que inclui a fita em que o próprio Arruda aparece apalpando um maço de R$ 50 mil.

Assim, ao despencar, Durval arrastou para o abismo os personagens que se serviam dos seus maus préstimos.

Ao tricotar com Roriz, hoje o favorito na corrida pelo GDF, o PSDB como que remonta a armadilha que mergulhou Brasília na corrupção.

Em público, o tucanato gosta de se autoproclamar campeão da modernidade. Nos subterrâneos, não se vexa de negociar com o arcaísmo malfeitor.

O PSDB ligara-se a Arruda mesmo sabendo que a fraude do painel do Senado não o recomendava.

Essa primeira evidência de falha de caráter, aliás, fora encenada em 2001, ano em que Arruda era tucano. Mais: respondia pela liderança do governo FHC no Senado.

Diz o senso comum que “errando é que se aprende”. O PSDB parece desaprovar o brocardo. Adapta-o: “Errando é que se aprende... A errar.”

Deve-se a José Serra a mais precisa definição de José Serra. Ao discorrer, em 2002, sobre sua infância, vivida no bairro paulistano da Mooca, Serra disse:

Era “bonzinho em casa, briguento na rua e barulhento na escola”. No futebol, “não era bom para driblar, mas para desarmar”.

O auto-retrato está assentado nas páginas de "O Sonhador que Faz", uma biografia consentida, escrita pelo repórter Teodomiro Braga.

A troca de passes do tucanato com Roriz oferece uma boa oportunidade para que Serra comprove o que disse. Se é mesmo “bom para desarmar”, convém agir.

Do contrário, arrisca-se a pedir votos em Brasília ao lado do inaceitável.


Escrito por Josias de Souza às 19h01

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Expulsão de Paulo Octávio do DEM será pedida na 3ª

Wilson Dias/ABr

Ameaçado de impechment no Legislativo e de intervenção federal no STF, Paulo Octávio (DEM) ganhou um problema novo.

O deputado Ronaldo Caiado e o senador Demóstenes Torres, ambos do DEM de Goiás, formalizarão o pedido de expulsão de Paulo Octávio do partido.

A petição será levada à próxima reunião da Executiva nacional do DEM. Ocorreria nesta quinta (18). Mas foi adiada para terça (23) da semana que vem.

“Além da expulsão do Paulo Octávio, vamos requerer a destituição do diretório do DEM no DF”, disse Caiado, em entrevista ao blog.

A providência pode chegar tarde. No comando do governo do DF desde que José Roberto Arruda foi preso, Paulo Octávio administra o imponderável.

Investigado no mesmo inquérito que levou Arruda à ruína política, Paulo Octávio passou a considerar a hipótese de renunciar ao cargo.

Com ou sem renúncia, Caido afirmou, a expulsão “será solicitada de qualquer jeito”. Vai abaixo a entrevista:

- O pedido de expulsão de Paulo Octávio será formalizado?

Sem nenhuma dúvida. A expulsão dele será efetivamente solicitada. Não tem mais rodeios. Chega.

- O que os levou a essa posição?

Nós não podemos mais ficar sangrando. Não dá mais.

- Quando será apresentado o pedido?

No primeiro momento em que a Executiva do partido se reunir. Seria nesta semana. Mas foi adiado para a próxima terça-feira. Avaiou-se que, na volta do Carnaval, poderia não haver quórum.

- O pedido já foi redigido?

Não há dificuldades para redigir. Já tínhamos elaborado o do Arruda. Não muda grande coisa –nem nos fatos motivadores nem na justificativa.

- Além do sr. e do senador Demóstenes Torres, alguém mais vai subscrever?

Não deixaremos de ouvir os demais integrantes da Executiva. Mas o pedido será formulado de qualquer maneira.

- Acha que Paulo Octávio solicitar o desligamento do partido antes de ser expulso, como fez Arruda?

Acho que pode. Não creio que haja no partido muita gente disposta a pagar essa fatura política. E ele sabe disso.

- Acredita que a Executiva aprova a expulsão?

Creio que sim. Ou encaremos o problema com a responsabilidade que ele exige ou vamos acabar tomando o caminho que o PT tomou no mensalão, salvando todos, fazendo ouvidos moucos para tudo e aderindo ao faz-de-conta. Ou agimos ou vamos ter lidar com a meia verdade, a meia gravidez, coisas que não existem.

- Acha que o DEM errou ao não incluir Paulo Octávio no mesmo processo que levou à escusão de Arruda dos quadros da legenda?

Deveríamos pelo menos ter destituído o diretório de Brasília, presidido pelo Paulo Octávio. E tínhamos de ter exigido, antes da prisão do Arruda, que todos os filiados do partido se desligassem do governo do DF. Não ter tomado essas providências foi um erro.

- Já conversou com o presidente do DEM, Rodrigo Maia?

Ainda não. A última vez que falei com ele foi no dia em que o Arruda foi preso [quinta-feira da semana passada].

- Acha que ele pode se opor ao pedido de expulsão de Paulo Octávio.

Não creio.

- De onde vem a convicção?

Depois que o Arruda foi preso, o partido exigiu que todos os filiados se desvinculem do governo. De repente, o governador, que assumiu o governo por ser o vice, é do DEM. Como podemos conviver com essa situação? Se decidíssemos que ele pode, então todos os demais também poderiam. Não dá. É Absurdo. Seria um tiro n’água.

- E se Paulo Octávio renunciar ao governo?

A expulsão dele será solicitada de qualquer jeito. Além da expulsão do Paulo Octávio, vamos requerer a destituição de todo o diretório do DEM no DF. As medidas que adotamos até agora foram paliativas. Não resolveram o problema integralmente. Temos que curar essa ferida. E não haverá cura enquanto não interrompermos a novela.

- Para ficar claro: qual será o teor da petição à Executiva?

Ponto um: dissolve o diretório de Brasília e desliga todos do governo. Ponto dois: a exclusão do Paulo Octávio dos quadros do partido. Para mim, a eventual renúncia dele ao governo não resolve mais. Ou expulsamos ou seremos todos arrastados para capítulos sucessivos de um enredo que se desenrola em Brasília e que não é nosso. A cada novo desdobramento, vem a menção ao mensalão do DEM. Passou da hora de darmos um basta. O Paulo Octávio não deveria nem ter assumido o governo. E já deveria ter renunciado ao comando do diretório do DF.

- Receia pelos efeitos eleitorais do caso de Brasília?

É evidente que não podemos esquecer que estamos em ano eleitoral. Até por isso, temos que nos diferenciar, tomando medidas duras. Nessa matéria, o DEM não pode fazer o jogo do mais ou menos, como o PT fez. Do contrário, ficaremos eternamente no mundo do faz-de-conta. Esse jogo não pode acabar em empate. Pelo que escuto no partido, a maioria já não suporta o prolongamento da novela.

Escrito por Josias de Souza às 05h46

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Crises locais ameaçam os palanques de Serra no Sul

Fábio Pozzebom/ABr





A região Sul converteu-se num pesadelo político para o tucano José Serra, presidenciável da oposição.



Os palanques que o tucanato idealizara para Serra no Rio Grande do Sul e Santa Catarina estão em vias de desmoronar.



No Paraná, uma queda-de-braço entre as duas principais lideranças do PSDB no Estado –Alvaro Dias e Beto Richa— estende-se além do conveniente.



Chama-se José Fogaça o mais novo problema de Serra. Prefeito de Porto Alegre, Fogaça vai às urnas como candidato do PMDB ao governo gaúcho.



Serra via em Fogaça um aliado estratégico. Porém, o prefeito pemedebê já cogita apoiar a candidatura presidencial de Dilma Rousseff.



Ouça-se o que disse Fogaça numa entrevista à Rádio Gaúcha, nesta terça (9):



“Se o PMDB nacional tomar essa decisão [de apoio a Dilma], não há como o partido regionalmente assumir, de maneira formal, uma outra decisão...”



“...Esta tem de ser a linha do partido aqui no Estado, seguir a linha adotada nacionalmente”.



As palavras de Fogaça têm cheiro de reviravolta. Soam depois de reunião privada que o prefeito manteve com a própria Dilma, na última sexta-feira (5).



O vaivém do prefeito está amarrado a uma conveniência local. Ele precisa do apoio do PDT-RS. Se fechar com Serra, corre o risco de perder o aliado.



Deve-se o estabelecimento da pré-condição ao ministro Carlos Lupi (Trabalho), mandachuva nacional do PDT.



Ou Fogaça abre o seu palanque para Dilma ou o PDT gaúcho cairá no colo de seu principal rival na disputa pelo governo, o petista Tarso Genro.



Assim, Dilma está prestes a obter no Rio Grande do Sul dois palanques: o do PMDB e o do PT, dois velhos e renhidos rivais na política gaúcha.



O apoio do PMDB a Dilma não é pacífico. Escute-se o presidente do diretório do PMDB em Porto Alegre, Fernando Záchia:



“Fogaça pode até ter vontade de se aliar a Dilma, mas é um processo muito difícil de construir internamente”.



Taticamente, Fogaça se diz fechado, por ora, com a candidatura presidencial do pemedebê Roberto Requião. Sabe que se trata de uma quimera.



E advoga que o PMDB gaúcho siga a decisão da convenção nacional, muito mais próxima do apoio a Dilma. Para desassossego de Serra, Fogaça avisa:



“[...] A convivência com a ministra Dilma foi altamente produtiva e boa para a cidade de Porto Alegre. Minha relação com Dilma e com Lula é muito boa”.



Fechando-se a equação favorável a Dilma, restará para Serra o palanque reeleitoral da governadora tucana Yeda Crusius, que as pesquisas indicam estar micado pelas denúncias de corrupção.



Em Santa Catarina, o tormento do tucanato também gira ao redor de uma denúncia de corrupção. Ali, o alvo é o vice-governador tucano Leonel Pavan.



Antes sólida, a tríplice aliança catarinense pró-Serra –PMDB, PSDB e DEM— se liquefez depois que Pavan foi denunciado à Jutiça pelo Ministério Público.



O governador pemedebê Luiz Henrique, candidato ao Senado, costurava uma candidatura única à sua sucessão.



Pelo PSDB, o nome cogitado era o de Pavan. Pelo DEM, o senador Raimundo Colombo. Pelo PMDB, Eduardo Pinho, presidente da legenda no Estado.



Nas últimas semanas, Luiz Henrique passou a admitir a hipótese de três candidaturas. Cada partido seguiria o seu caminho.



Significa dizer que o apoio a Serra, antes vitaminado pelo palanque tríplice, se pulverizaria. Pior: optando por Pavan, o tucanato iria à campanha local com a cara do malfeito.



Programou-se para esta quarta (10), uma reunião dos dirigentes catarinenses do PSDB, PMDB e DEM. Tentam colar os cacos do projeto inicial. Talvez já não disponham de goma.



No Paraná, Serra tenta pôr em pé a candidatura do prefeito tucano de Curitiba, Beto Richa. Mas o senador Alvaro Dias, também tucano, diz que o nome dele é melhor.



Na última sexta (5), sob mediação de Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB, os dois contendores tucanos desceram ao pano verde. Alvaro Dias puxou as suas fichas.



Disse que as pesquisas o favorecem. Levou ao seu blog a última sondagem do Vox Populi. Argumentou que, prevalecendo Richa, a vida de Dilma será facilitada no Paraná.



Por quê? Irmão de Alvaro, o senador Osmar Dias ensaia o lançamento de sua candidatura ao governo paranaense pelo PDT. Daria palanque a Dilma.



Mas Osmar informou a Sérgio Guerra e à própria Dilma que se o irmão for candidato, ele disputará o Senado, não o governo. E a candidata de Lula perderia o palanque.



Beto Richa não se deu por achado. Levou ao twitter uma pesquisa que lhe sorri. Foi feita por um instituto pouco conhecido fora do Paraná, o Radar.



Nesta quarta (10), Sérgio Guerra deve mediar novo encontro entre Dias e Richa. A hipótese de acordo é improvável.



Ou Alvaro Dias depõe as armas ou a disputa vai para a convenção, em junho. Nessa hipótese, prevalecerá Beto Richa, que detém o controle da máquina do PSDB-PR.



Embora tenha dado prazo ao irmão, a paciência do pedetista Osmar Dias tem limites. Prometeu aguardar até o final desta semana. Sobrevivendo o impasse, vai à disputa. E fechará com Dilma.



Assim, a formação dos palanques do Sul, que parecia um sonho dourado para a oposição, converteu-se num pesadelo que atormenta Serra e adoça as noites de Dilma Rousseff.

Escrito por Josias de Souza às 05h26

domingo, 7 de fevereiro de 2010

PMDB agora exige dividir com PT o plano de governo

Lucio Távora

Reeleito presidente do PMDB, Michel Temer traduz em números a coesão do partido. Estima que a unidade atinge, hoje, 93% da legenda.

A harmonização de propósitos anima o deputado a declarar: “O PMDB pode ser parceiro num projeto presidencial, mas jamais será subalterno”.

Afirma que a aliança com o PT não depende apenas da indicação do vice. Em entrevista ao blog, diz que a aliança PMDB-PT terá de ser precedida da elaboração de um programa de governo.

O repórter lembrou a Temer que o PT já aprontou o seu esboço de plano de governo. O deputado respondeu que terá de haver uma “fusão”.

E quanto à intenção do PT de tonificar a participação do Estado na economia? “Teremos que encontrar um meio-termo”, diz Temer.

Será mesmo o vice de Dilma? “É o que o PMDB fala [...]. Todos falam que eu posso representar adequadamente o partido nessa parceria com o PT”. Vai abaixo a entrevista:

- Como traduzir em percentual a unidade do PMDB?

Creio que está em torno de 93%.

- Não é um contrasenso que esse PMDB tão forte não tenha seu próprio candidato à Presidência?

A demonstração de unidade nos autoriza a dizer que o PMDB pode ser parceiro num projeto presidencial, mas jamais será subalterno. Parceiro vem de par. Portanto, trabalhamos com a perspectiva de uma parceria entre iguais.

- Refere-se à coligação com o PT?

Exato. O que digo é que tanto podemos ter um candidato próprio como fazer essa parceria entre iguais, para governar juntos.

- Falta um nome ao PMDB para pôr em pé uma candidatura própria?

Talvez falte um nome. Reconheço que a tendência mais forte é a de fazermos a aliança. Mas pode aparecer um nome até junho. A nossa convenção, que teve a participação de mais de mil pessoas de todo país, demonstra que há uma vibração interna no partido.

- Por que a tendência mais forte é pela aliança?

Embora as coalizões sejam típicas dos sistemas parlamentaristas, é interessante notar como é indispensável que haja no Brasil uma coalizão, embora o regime seja presidencialista.

- Em que termos se dará a aliança em torno de Dilma Rousseff?

Digamos que seja feita a aliança. Nesse caso, tem que passar por um programa de governo do qual o PMDB terá de ser parte atuante.

- Mas o PT já tem esboço de programa pronto. Vai aprová-lo num Congresso em 20 de fevereiro.

Em primeiro lugar, trata-se de um esboço. Em segundo lugar, o que há de ser feito é o seguinte: o PT faz o seu programa, o PMDB fará o dele. Outros partidos aliados, eventualmente, farão os seus programas. Depois promoveremos uma junção de programas. Essa é a idéia.

- Qual é o programa do PMDB?

Vou designar uma comissão, já na semana que vem, para elaborar um plano de governo. O documento dirá o que o PMDB pensa sobre o Brasil. Depois, havendo a aliança, nós teremos que fundir esses programas.

- Não será uma fusão exdrúxula? O plano do PT prevê presença maior do Estado na economia. Esse não parece ser o viés predominante no PMDB.

Teremos que encontrar um meio-termo. No instante em que o PMDB tiver o seu projeto, essa aliança terá de levar em conta o programa, não apenas a vice-presidência e a participação no governo.

- Como compatibilizar as diferenças?

É claro que ambas as partes terão de abrir mão de um ou outro conceito para que, dessa fusão, resulte um conceito único.

- A presença do PMDB na vice de Dilma é coisa líquida e certa?

Não há a menor dúvida. Temos até um pré-compromisso escrito com o PT.

- Passada a convenção, o sr. já se sente à vontade para se apresentar como alternativa à vaga de vice de Dilma?

Prefiro manter aquela fórmula segundo a qual a vice é do PMDB e, no momento certo, nós escolheremos o nome. E veja que digo que nós, do PMDB, escolheremos o vice. É claro que vamos dialogar com a candidata, com o PT, mas a escolha será do PMDB. Não sei se serei eu ou outro. Vai depender das circusntâncias políticas.

- É correto dizer que, hoje, o vosso nome é o mais forte?

É o que o PMDB fala. O partido desejou que eu ficasse na presidência do partido por mais um período de dois anos para manter a unidade. E, evidentemente, todos falam que eu posso representar adequadamente o partido nessa parceria com o PT.

- Causa-lhe incômodo o noticiário que apresenta o presidente do BC, Henrique Meirelles, como nome preferido de Lula para vice de Dilma?

De jeito nenhum. Ele pode ser um dos nomes cogitados. Ele está, hoje, no PMDB. Não sei se o PMDB vai achar que ele é o melhor representante. Haverá um momento em que o PMDB dirá qual é o seu melhor representante.

- A palavra do presidente Lula não terá um peso?

Tomei conhecimento de declarações do Gilberto Carvalho [chefe-de-gabinete de Lula], uma das pessoas mais próximas do presidente, dizendo que não há, em absoluto, veto ao meu nome. Ele declara que o presidente Lula aceitará quem vier do PMDB. Diz que jamais vetaria nenhum nome do PMDB, muito menos o meu.

- Está superado aquele mal-estar gerado pela declaração do presidente de que conviria ao PMDB indicar uma lista tríplice de vices?

Isso está superadíssimo. Não vejo mais como falar nesse assunto.

- Quando se dará a definição do nome?

Creio que os meses de março e abril serão decisivos. Até lá, essas coisas estarão pré-definidas. O mês de abril é, para nós, um marco. Mas, em termos legais, a definição virá com a realização da convenção, em junho.

- As pendências estaduais com o PT estão superadas?

Há o caso de Minas Gerais. E precisamos definir bem como se dará a campanha nos Estados em que já foi aceita a hipótese do palanque duplo. Será necessário definir o que significa isso. O presidente e a candidata vão aos dois palanques, não vão a nenhum... Tudo precisa ficar muito bem delineado.

- Acha possível evoluir para uma candidatura do vice-presidente José Alencar ao governo de Minas Gerais?

Não passou por nós ainda essa articulação. Mas existe a idéia de que o José Alencar possa ser candidato a governador com um vice do PT. O Fernando Pimentel [ex-prefeito petista de Belo Horizonte] viria para a coordenação da campanha da Dilma. E ficaria uma vaga ao Senado para o Hélio Costa [ministro peemedebista das Comunicações].

- Acha essa costura viável?

Como não discutimos o assunto no PMDB, prefiro não opinar. Mas lembro que o Hélio Costa reiterou na nossa convenção o desejo de ser candidato ao governo de Minas.

- A velha divisão entre os grupos do PMDB do Senado e da Câmara acabou?

Não se fala mais em grupo. Agora, fala-se apenas num único PMDB. Isso ficou muito bem definido na convenção.

Escrito por Josias de Souza às 03h29

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Após acordo, Raupp ganha vice-presidência do PMDB

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

O senador Valdir Raupp (PMDB-RO) fechou acordo com o senador Romero Jucá (PMDB-RR) para ser eleito vice-presidente do PMDB neste sábado. Como o presidente da legenda, Michel Temer (PMDB-SP), deve se licenciar do cargo para disputar a vice-presidência da República na chapa da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), o vice vai assumir o comando do partido com o seu afastamento.

Temer une ministros e governadores em prol de aliança com PT
'Há unidade absoluta no PMDB', diz Temer após ação de opositores
Aliança com PT será suspensa onde PMDB tiver candidato, diz Geddel
STJ derruba liminar que suspendia convenção do PMDB

Raupp e Jucá disputavam o cargo nos bastidores, mas decidiram fechar o acordo para mostrar que há unidade no PMDB em torno da reeleição de Temer. A convenção do partido, que se realiza hoje em Brasília, vai eleger a nova executiva nacional peemedebista.

"Não tinha nenhuma lógica já que havia praticamente consenso pra uma chapa única. Não houve nenhuma queda de braço, nenhuma disputa. Foi um exercício da democracia partidária com o PMDB saindo fortalecido, reunido", disse Raupp.

No acordo, Jucá será eleito terceiro vice-presidente do PMDB. A segunda vice será ocupada pela deputada Iris Araújo (GO), enquanto o deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE) deve ocupar a tesouraria do PMDB.

Raupp disse que, se Temer se afastar do comando do partido, vai trabalhar pela continuidade do processo de unidade da legenda. "Se o presidente Michel Temer talvez for indicado vice na chapa da ministra Dilma, talvez ele deva se licenciar, daí eu terei muita satisfação de assumir o partido, continuando esse processo de unidade, estruturando nos Estados para que o PMDB possa sair dessas eleições com a vitória em todos os níveis", afirmou.

Jucá disse que a unidade do PMDB deve estar acima da disputa de cargos no PMDB. "Estamos em um grande momento do PMDB que se constrói com gestos, não com vetos. A questão não é o cargo, mas como a gente constrói a unidade", afirmou.

O discurso dos peemedebistas é de unidade para mostrar que Temer tem o apoio da maioria da legenda para disputar a vice-presidência da República na chapa de Dilma --apesar da pressão contrária do grupo que defende candidatura própria ao Palácio do Planalto.

Convenção

Na convenção, os peemedebistas vão eleger o novo diretório nacional do partido --que, logo depois de eleito, vai escolher a executiva nacional (comando) da legenda. Temer será aclamado presidente do PMDB, mesmo com a pressão dos diretórios de São Paulo, Paraná e Santa Catarina para o adiamento da convenção.

Os diretórios tentaram suspender judicialmente a convenção, mas o STJ (Superior Tribunal de Justiça) derrubou a liminar que adiava o encontro do partido. O grupo defende a candidatura do governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), ao Palácio do Planalto --sem a consolidação da aliança com o PT previamente anunciada pela cúpula da legenda.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

STJ cassa liminar e ‘ressuscita’ convenção do PMDB

Alan Marques/Folha

Durou pouco a euforia dos dissidentes do PMDB. O STJ acaba de cassar a liminar que suspendera a convenção do partido marcada para este sábado (6).

Deve-se a decisão ao próprio presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Cesar Asfor Rocha. Com isso, a convenção do partido foi mantida.

Michel Temer (SP), que será reconduzido à presidência do PMDB na convenção, conversou com o blog há pouco.

“A decisão do Tribunal de Justiça do DF foi equivocada”, disse Temer.

“A desembargadora [Vera Andrighi] fez uma interpretação errônea do regimento do partido. O STJ repôs a matéria nos trilhos”.

A maior parte dos 570 convencionais com direito a voto já chegou a Brasília. Aguardava-os um jantar, num hotel da Capital.

Retido pela necessidade de recorrer da decisão judicial que ameaçava a convenção, Temer chegou ao repasto com atraso, perto da meia-noite.

Portava, porém, a boa nova: os advogados da legenda já o haviam informado acerca da cassação da liminar que beneficiara momentaneamente o grupo dissidente, encabeçado por Orestes Quércia (SP).

A convenção deste sábado não tratará do apoio do PMDB à candidatura de Dilma Rousseff. Servirá apenas para eleger a nova direção do PMDB.

O comando será compartilhado entre os grupos da Câmara e do Senado. A recondução de Temer à presidência é certa. Remanescem dúvidas quanto à escolha do novo vice-presidente da legenda.

Sabe-se apenas que o cargo vai às mãos de um senador. Frequantava o noticiário com cara de favorito o líder de Luna no Senado, Romero Jucá (RR).

Passou a enfrentar, porém, a oposição de Renan Calheiros (AL). Líder do PMDB no Senado, Renan deseja acomodar no vice-comando do PMDB Valdir Raupp (RR).

Embora preferisse Jucá, o grupo da Câmara decidiu não interferir. Vai ajudar a aprovar o nome que chegar à convenção pelas mãos de Renan.

A chapa encabeçada por Temer não terá adversários. Em minoria no partido, os dissidentes preferiram ir à Justiça a disputar espaço nas trincheiras da legenda. Perderam.

Segundo Temer, o PMDB vai emergir da convenção "unificado em sua quase totalidade". Algo que, segundo diz, "fortalece" a legenda nas negociações com o PT.

Cotado para ocupar a vice na chapa de Dilma, Temer evitar tratar do assunto. "Isso é coisa para ser decidida mais adiante", ele repete.

Escrito por Josias de Souza às 00h04

STJ cassa liminar e ‘ressuscita’ convenção do PMDB

Alan Marques/Folha

Durou pouco a euforia dos dissidentes do PMDB. O STJ acaba de cassar a liminar que suspendera a convenção do partido marcada para este sábado (6).

Deve-se a decisão ao próprio presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Cesar Asfor Rocha. Com isso, a convenção do partido foi mantida.

Michel Temer (SP), que será reconduzido à presidência do PMDB na convenção, conversou com o blog há pouco.

“A decisão do Tribunal de Justiça do DF foi equivocada”, disse Temer.

“A desembargadora [Vera Andrighi] fez uma interpretação errônea do regimento do partido. O STJ repôs a matéria nos trilhos”.

A maior parte dos 570 convencionais com direito a voto já chegou a Brasília. Aguardava-os um jantar, num hotel da Capital.

Retido pela necessidade de recorrer da decisão judicial que ameaçava a convenção, Temer chegou ao repasto com atraso, perto da meia-noite.

Portava, porém, a boa nova: os advogados da legenda já o haviam informado acerca da cassação da liminar que beneficiara momentaneamente o grupo dissidente, encabeçado por Orestes Quércia (SP).

A convenção deste sábado não tratará do apoio do PMDB à candidatura de Dilma Rousseff. Servirá apenas para eleger a nova direção do PMDB.

O comando será compartilhado entre os grupos da Câmara e do Senado. A recondução de Temer à presidência é certa. Remanescem dúvidas quanto à escolha do novo vice-presidente da legenda.

Sabe-se apenas que o cargo vai às mãos de um senador. Frequantava o noticiário com cara de favorito o líder de Luna no Senado, Romero Jucá (RR).

Passou a enfrentar, porém, a oposição de Renan Calheiros (AL). Líder do PMDB no Senado, Renan deseja acomodar no vice-comando do PMDB Valdir Raupp (RR).

Embora preferisse Jucá, o grupo da Câmara decidiu não interferir. Vai ajudar a aprovar o nome que chegar à convenção pelas mãos de Renan.

A chapa encabeçada por Temer não terá adversários. Em minoria no partido, os dissidentes preferiram ir à Justiça a disputar espaço nas trincheiras da legenda. Perderam.

Segundo Temer, o PMDB vai emergir da convenção "unificado em sua quase totalidade". Algo que, segundo diz, "fortalece" a legenda nas negociações com o PT.

Cotado para ocupar a vice na chapa de Dilma, Temer evitar tratar do assunto. "Isso é coisa para ser decidida mais adiante", ele repete.

Escrito por Josias de Souza às 00h04

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

PARTIDOS LUTAM PARA QUE PARLAMENTARES CONTINUEM SENDO "LARANJAS" DE EMPRESÁRIOS

OS PARTIDOS SÃO "'NABOS DO MESMO SACO" COMO CONFIRMA A SEGUINTE NOTÍCIA:

DEM, PT e PSDB se unem para que TSE derrube regra que proíbe doação oculta


Luana
Lourenço
Da Agência Brasil

Os partidos DEM, PT e PSDB se uniram contra a tentativa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de pôr fim às chamadas doações ocultas para financiamento de campanhas. A resolução do TSE, que está em consulta pública, pretende impedir a doação de recursos eleitorais que não permitam a identificação dos doadores e dos candidatos beneficiados.

Na ação, encaminhada hoje (4) ao Tribunal, os partidos alegam que a exigência de identificação dos doadores e de que candidatos receberam o dinheiro “é missão ingrata e impossível”.

“A captação de recursos de diversos doadores e os eventuais repasses a diversos donatários não se dá a um só tempo e em quantias coincidentes, de modo a possibilitar dizer qual candidato recebeu especificamente de qual doador”, afirmam na ação.

No documento, DEM, PT e PSDB também pedem mudanças na proposta do TSE de obrigar os partidos a criar uma conta bancária específica para movimentação de recursos de campanhas eleitorais. Pelas regras atuais, os candidatos e os comitês financeiros têm que ter contas para essa finalidade, mas não os partidos.

Para os autores da ação, a mudança contraria a Lei de Eleições ao tornar os partidos políticos “agentes de campanha eleitoral”, obrigados a prestar contas à Justiça Eleitoral.

Na contramão dos grandes partidos, o PSOL encaminhou ao presidente do TSE, ministro Carlos Ayres Britto, uma manifestação de apoio às propostas. O partido argumenta que a iniciativa poderá “tornar mais transparentes as doações feitas aos candidatos no período eleitoral”.