PSDB chega à convenção dividido entre Aécio e Serra
PSDB deve reconduzir à presidência da sigla o deputado Sérgio Guerra, que prepara discurso pedindo unidade dos tucanos
Nara Alves, iG São Paulo | 28/05/2011 07:02
A disputa pelo controle do PSDB tem neste sábado um dia decisivo. A convenção nacional do partido, marcada para começar às 9 horas no centro de eventos Brasil 21, em Brasília, irá definir a nova executiva tucana, disputada cargo a cargo entre os grupos liderados pelo senador Aécio Neves (MG) e pelo ex-governador José Serra (SP).
O cabo de guerra entre o mineiro e o paulista, ambos de olho nas eleições de 2014, ocorre pouco mais de um ano depois do encontro nacional tucano que sacramentou a candidatura de Serra à Presidência, em abril de 2010.
Na época, os dois empenhavam-se em dar um sinal de união antes da largada da corrida eleitoral.
No mesmo centro de eventos que abriga neste fim de semana a convenção do PSDB, o então presidenciável chegou a dar um beijo em Aécio.
Foto: AE
Há aproximadamente um ano, Serra e Aécio procuravam demonstrar unidade
O atual presidente do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra (PE), planeja para o evento de hoje um discurso pregando a unidade do partido na esfera nacional.
Segundo interlocutores, Guerra – que rompeu com Serra e deverá ser reconduzido ao cargo com o apoio de Aécio – irá defender que as lideranças sejam menores do que a legenda.
O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), nega que exista um racha no partido.
“O conceito de partido está distorcido no Brasil.
Quando um partido oferece espaço para a divergência, imaginam que o partido está rachado.
Eu creio que isso revitaliza o partido, que não é um curral onde vivem vaquinhas de presépio dizendo amém a tudo e a todos”, disse.
Outros cargos-chave da executiva deverão ficar nas mãos de paulistas.
A primeira vice-presidência da sigla deverá ficar com o ex-governador paulista Alberto Goldman, vice de Serra no Palácio dos Bandeirantes.
O nome mais cotado para a segunda vice-presidência é o do deputado Emanuel Fernandes (SP), secretário do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Tucanos paulistas ligados a Serra, no entanto, alegam que os cargos na chapa da executiva nacional não são suficientes.
Assim como Alckmin, eles defendem publicamente que Serra seja indicado como presidente do Instituto Teotônio Vilela (ITV), órgão tucano que conta com um orçamento de R$ 11 milhões.
O cargo, porém, já foi oferecido ao ex-senador Tasso Jereissati (CE), que não está disposto a abrir mão da posição.
Em Fortaleza, a indicação de Tasso como sucessor do atual presidente, Luiz Paulo Vellozo Lucas (ES), é dada como certa.
Outra alternativa com que trabalham aliados de Aécio e Guerra para acomodar José Serra seria oferecer-lhe a presidência do conselho que seria criado pelo partido.
Inicialmente, o grupo seria liderado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e composto por Serra, Aécio, Tasso, além dos seis governadores tucanos.
O esforço em contemplar tucanos paulistas visa, principalmente, evitar mais uma vazão de deputados federais rumo ao PSD, novo partido a ser criado pelo prefeito paulistano, Gilberto Kassab (ex-DEM), afiliado político de Serra.
Nas eleições do PSDB municipal, seis vereadores descontentes deixaram a legenda rumo ao PSD, PV e PMDB. Até a noite de ontem, Serra e seus principais aliados ainda não haviam confirmado presença no evento.