segunda-feira, 29 de novembro de 2010

PMDB e PPS querem fim dos infiéis

Roger Pereira
Agência Câmara
Temer: "Começa uma nova fase".
Em lados opostos em relação ao novo governo federal, PMDB e PPS decidiram enquadrar seus filiados para que obedeçam a posição política de seus partidos sob pena de punição via fidelidade partidária.
Enquanto o PMDB quer toda sua base apoiando o governo Dilma, o PPS, na oposição, promete abrir processo de expulsão de todos os filiados que apoiaram candidatos de outra coligação na eleição de outubro.
Cobrado pela presidente eleita pela divisão de seu partido, o vice-presidente eleito Michel Temer, presidente nacional do PMDB exigiu posição uniforme da legenda, que, em vários estados, esteve mais próximo do PSDB que do PT nas eleições de outubro.
Temer disse, no entanto, que ninguém será punido por posições anteriores, mas que, agora, "começa uma nova fase", posição estratégica para garantir ao PMDB os cargos que almeja no governo Dilma.

Já no PPS, a punição levará em conta o "esforço" de mandatários e diretórios municipais nas eleições deste ano. O partido editou resolução neste final de semana, determinando e expulsão dos infiéis na última eleição, ontem, o prefeito de Jaguariúna (SP), Gustavo Reis, que apoiou publicamente a candidatura da petista Dilma Rousseff à presidência, foi o primeiro expulso.
"Só estávamos esperando essa posição do diretório nacional, para começarmos a agir aqui no Paraná. Temos muitos casos aqui, que serão provados com números. Mandatário que fez mais votos em 2008 do que os candidatos do partido fizeram em seus municípios neste anos poderão sofrer processo do conselho de ética", disse o presidente do partido no Paraná, Rubens Bueno, que é secretário-geral do PPS nacional.
"Também criaremos um coeficiente mínimo e, nos municípios que esse mínimo não foi atingido, os diretórios ou comissões provisórias municipais serão dissolvidos", contou. Apesar de admitir vários casos no Paraná, Bueno não quis antecipar nenhum, "pois todos terão direito a ampla defesa".
Arquivo
Bueno: "Temos muitos casos aqui".
A resolução do PMDB pode complicar o jogo de bancadas de situação e oposição na Assembleia Legislativa. O racha no partido, que não conseguiu manter unidade nem na eleição, é a aposta do PSDB de Beto Richa para conseguir maioria na Assembleia.
Se o recado de Temer atingiu diretamente os cinco diretórios estaduais que apoiaram oficialmente a candidatura de José Serra (PSDB) à presidência da República, também serve, segundo o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (membro da Executiva Nacional do PMDB e ex-candidato a vice-governador derrotado nas eleições de outubro) para os deputados que ensaiam um apoio ao novo governador tucano.
"Disputamos a eleição no Paraná. O PMDB apoiou o Osmar. Infelizmente não fez na sua totalidade, mas essa foi a posição oficial do partido. O PMDB perdeu a eleição no Paraná. Os deputados estaduais foram eleitos para serem oposição e vamos fazer cumprir esse papel que as urnas nos impuseram", disse. "O presidente do nosso partido é o vice-presidente eleito. Não tem como não ter o apoio unânime do PMDB. Quem não estiver confortável para defender a bandeira do partido, estará livre para procurar outra legenda", concluiu.

MS: Inspeção do CNJ no TJMS foca mensalão, mas investigação mira também nepotismo

Clique no seguinte LINK para acessar a matéria:

http://www.edsonpaim.com.br/view.asp?id0=6022

domingo, 21 de novembro de 2010

Sucessão em São Paulo pode aliar Kassab a petistas

As negociações para uma eventual troca de partido do prefeito paulistano Gilberto Kassab (DEM) começaram a alimentar articulações para unir no mesmo projeto político petistas e kassabistas em 2012 e 2014, de modo que haja um 'revezamento' eleitoral nas próximas eleições. A ida de Kassab para um partido da base da presidente eleita Dilma Rousseff (PT) animou petistas, que viram na provável dança de cadeiras a chance de enfraquecer os adversários tucanos em São Paulo, Estado que é reduto do PSDB há 16 anos e tem a maior capital do País, com 8,4 milhões de eleitores.

O projeto, se confirmado, tornaria o prefeito paulista uma liderança híbrida: se beneficiaria da boa vontade do governo federal, com recursos para os seus pleitos, e, por enquanto, da aliança do PMDB com o PSDB na esfera estadual. Aumentando, portanto, o cacife para discutir o seu futuro eleitoral, o que, no DEM, tem valido menos cada dia que passa.

Na última semana, o prefeito paulistano intensificou as conversas com o PMDB, por meio do presidente da legenda e vice-presidente eleito, Michel Temer. Com a possibilidade de Kassab ingressar em um partido aliado ao PT no plano federal - as conversas chegaram ao PSB também -, petistas e peemedebistas passaram a cogitar uma aliança que passe pela eleição municipal, em 2012, e a estadual, em 2014.

Não podendo mais concorrer a uma segunda reeleição para a prefeitura paulistana, o projeto político de Kassab passa necessariamente pelo Palácio dos Bandeirantes em 2014.

Para viabilizar esse plano, Kassab precisa controlar uma legenda forte no Estado, com verbas, tempo de TV e que não sirva de apêndice aos projetos do PSDB, que tem como caminho natural lançar Geraldo Alckmin à reeleição.

O PMDB paulista serviria a esse propósito.

Com a liderança de Orestes Quércia enfraquecida por questões de saúde, o partido tende a passar por um rearranjo de poder em torno de Temer, que, com uma legenda raquítica em São Paulo, concederia a Kassab a liderança para reestruturar o partido no Estado.

O PMDB paulista se enfraqueceu tanto regionalmente que só conseguiu fazer um deputado federal na última eleição.

Petistas e peemedebistas dizem que a ida de Kassab para a legenda daria novo gás na discussão de uma aliança entre os dois partidos, de modo a isolar os tucanos.

Em 2014, o prefeito poderia contar com o apoio dos adversários históricos no PT para disputar o Palácio dos Bandeirantes.

A contrapartida seria o apoio ao PT na disputa pela prefeitura paulistana daqui a dois anos - ou o compromisso de que a candidatura do PMDB seria 'de fachada'.

Na prática, isso significaria o apoio de Kassab a um candidato pouco competitivo.

O principal atingido pelas articulações de Kassab é Geraldo Alckmin, com quem o prefeito mantém uma relação, no mínimo, distante.

O governador eleito, que pretende dar as cartas no processo de sucessão na Prefeitura de São Paulo em 2012, perderia um importante aliado - e precioso tempo de TV - num cenário em que busque a reeleição.

Além disso, teria de disputar em 2014 com um concorrente forte, num cenário de fadiga do PSDB, que estaria completando 20 anos de governo no Estado.

'Uma aliança com o PMDB de São Paulo em 2012 seria muito boa.

Kassab pode se tornar um grande aliado, o que seria bom para o PT, que sabe que precisa ampliar sua política de aliança no Estado', afirmou um líder petista, destacando que a 'fidelidade' de Kassab é com José Serra e não com Geraldo Alckmin, e que 'o projeto de Alckmin não é o mesmo do de Serra'.

Fusão. Desde o começo do ano, Kassab já mantinha conversas com líderes de outros partidos, inclusive do PSDB, sobre a incorporação do DEM a outras legendas.

O prefeito considerava natural a fusão entre o seu partido e tucanos, principalmente em razão da boa relação que tem com Serra.

Mas empecilhos regionais, como a Bahia, onde as legendas disputam espaço, inviabilizaram um acordo.

Enquanto Kassab articula seu futuro político, o DEM trabalha para mantê-lo na sigla.

O problema é  que talvez isso já não seja mais possível politicamente.

O ex-senador Jorge Bornhausen (DEM-SC) colocou em campo uma operação para alterar o comando nacional da legenda e manter o prefeito paulista nas hostes democratas.

Só que hoje essa articulação é de difícil execução, uma vez que o atual presidente do partido, deputado Rodrigo Maia (RJ), tem o apoio de diretórios influentes, como Rio, Bahia, Minas Gerais e Goiás.

O DEM vem perdendo espaço e encolhendo a cada eleição, e a saída de Kassab, prefeito da maior cidade do País, jogaria a legenda ainda mais no ostracismo.

O prefeito paulistano enfrenta uma queda-de-braço com essa ala do partido encabeçada por Rodrigo Maia.

Os dois se desentendem há algum tempo e o desgaste atingiu o seu ápice no final do primeiro semestre, durante as negociações para a escolha do vice-presidente na chapa do tucano Serra.

Uma saída articulada pelos que querem manter Kassab no partido seria destituir Rodrigo Maia da direção, concedendo ao prefeito o controle nacional da legenda.

Mas, além de ter o controle da maior parte do DEM, Maia conseguiu angariar apoio de caciques que são contra a tese de fusão defendida por Kassab - uma fusão tiraria do DEM recursos do fundo partidário e estrutura como lideranças no Congresso, além de abrir brecha jurídica para uma debandada no partido.

Se a operação articulada por Bornhausen não tiver sucesso, restará mesmo a mudança de partido para Kassab.

E, com isso, a mudança no xadrez eleitoral paulista.

sábado, 20 de novembro de 2010

O DEM (O partido da direita conservadora, como prega o seu presidente) está minguando

Encolhimento do DEM

Nos últimos oito anos, a legenda, ex-PFL, encolheu pela metade suas bancadas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Em 2002, o partido elegeu 84 deputados e 14 senadores. Já neste ano, foram eleitos 43 deputados e 2 senadores democratas. No Estado de São Paulo, o DEM também viu sua bancada estadual reduzida. Em 2006, o partido (na época, o PFL) elegeu onze deputados estaduais. Este ano, o DEM elegeu oito.
Em 2007, depois de sair derrotado nas urnas no ano anterior, quando conseguiu eleger apenas um governador, José Roberto Arruda (DF), o partido fez uma tentativa de renovação. Trocou a sigla PFL, fundada em 1985 a partir da antiga Arena, ligada à ditadura militar, por Democratas, numa tentativa de modernização.
No mesmo dia em que rebatizaram o partido, os pefelistas elegeram o deputado Rodrigo Maia (RJ) para substituir o veterano Jorge Bornhausen (SC). A promessa de renovação se cumpriu com novas lideranças como o deputado ACM Neto e o próprio Kassab, mas as mudanças não foram suficientes para fortalecer o partido como oposição ao governo federal e como representante do pensamento da direita conservadora, como prega seu atual presidente.



Foto: Arte/iG

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Além do flerte com PMDB, Kassab fala em ir para PSB

ABr

Liderança graúda do DEM, o prefeito paulistano Gilberto Kassab parece mesmo decidido a levar a oposição à xepa. Age no atacado e no varejo.

No atacado, Kassab tentou trocar o hardware oposicionista do DEM por circuitos que rodassem o programa governista do PMDB.

No varejo, Kassab fala mal de companheiros de partido e acomoda na banca que montou na feira partidária um 'Plano B'.

Há três dias, o prefeito teve um diálogo privado com o tucano Márcio Fortes (RJ), candidato derrotado a vice-governador do Rio, na chapa de Fernando Gabeira.

Kassab disse a Fortes que cogita trocar o DEM pelo protolulista PSB. Contou que trataria do tema com o padrinho José Serra, a quem deve o cargo de prefeito.

Até então, sabia-se que o prefeito considerava a hipótese de se mudar para o PMDB do vice-presidente eleito Michel Temer.

Explicou a novidade do PSB de maneira singela: a legenda presidida pelo governador pernambucano Eduardo Campos carece de lideranças no Sudeste e no Sul.

Ou seja: no PMDB, Kassab seria “mais um”. No PSB, ocuparia o posto de principal liderança no pedaço de baixo do mapa do Brasil.

Tomado pelo que diz nos subterrâneos, Kassab tornou-se um político capaz de tudo, menos de fazer oposição à gestão de Dilma Rousseff.

Tentou empinar a fusão do DEM com o PMDB. Encontrou resistências. Na quinta-feira (11) da semana passada, fustigou os opositores pelas costas.

Deu-se num almoço que o prefeito ofereceu, em sua casa, a expoentes do DEM. Presente, Jorge Bornhausen ponderou:

Se o DEM fosse à fusão como se encontra hoje, dividido e desorganizado, seria engolido pelo PMDB. E muitos tomariam outro rumo.

A certa altura, foi à mesa o nome de Rodrigo Maia, presidente do DEM. E Kassab: “Esse rapaz esteve comigo no sábado passado e disse que era a favor da fusão...”

“...Só não queria negociar com o Eduardo Paes [prefeito do Rio], mas com o [Sérgio] Cabral [governador do Rio]”.

Em privado, Rodrigo diz aos amigos que Kassab mente. Estiveram juntos no domingo anterior, não no sábado.

Rodrigo discorreu sobre as dificuldades que a fusão com o PMDB imporia ao DEM do Rio. Eduardo Paes é inimigo de seu pai, o ex-prefeito Cesar Maia.

Com Sérgio Cabral, o diálogo seria possível, mas para eventuais coligações futuras, não para a fusão.

No repasto de quinta, Kassab também mastigou ACM Neto (DEM-BA). Disse que o deputado também quer a fusão, só que com o PSDB.

Sob reserva, ACM Neto também desdiz Kassab. Não almeja a fusão. Apenas dissera que, havendo a fusão com o PMDB, não lhe restaria senão migrar para o PSDB.

Dois dias depois de morder os companheiros de partido na sala de refeições, Kassab abriu as portas de sua casa para Rodrigo Maia.

Em conversa que contou com a presença de Jorge Bornhausen, viu-se compelido a aceitar a ideia de divulgar uma nota negando a tese da fusão.

Na sequência, pôs-se a empinar a tese da renovação da direção partidária. Passou a impressão de que iria à presidência do DEM, desalojando Rodrigo da cadeira.

Simultaneamente, esboça o Plano B. Em meio ao flerte com o PMDB, levou ao baralho, na conversa com Márcio Fortes, a carta do PSB.

Qualquer ‘B’ lhe serve, desde que abra uma brecha até Dilma e o tonifique para a queda de braço que deseja travar com o tucano Geraldo Alckmin em 2014.

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Escrito por Josias de Souza às 06h09

Maia e Kassab medem forças pelo comando do DEM

Partido prepara nota negando plano de fusão com PMDB
Conflagrada, legenda discute substituição de  dirigentes

  Divulgação
Parceiro de derrota do tucano José Serra, o DEM atravessa uma crise que pode converter em realidade o sonho de Lula de “extirpar” a legenda de cena.

No último sábado (3), o deputado Rodrigo Maia, presidente do DEM, voou do Rio, onde mora, para São Paulo.

Encontrou-se com o prefeito Gilberto Kassab e com o ex-senador Jorge Bornhausen, presidente de honra do DEM.

A dupla disse a Rodrigo que deseja antecipar as eleições internas para a “renovação” do quadro de dirigentes do partido.

A coisa começaria nos municípios, iria aos Estados e alcançaria o DEM federal.

Tudo até o meio do ano, não no final de 2011, como estava previsto.

Assim, com sutileza de elefante, Kassab e Bornhausen informaram ao interlocutor que almejam apeá-lo do posto de presidente.

Como pretexto, mencionou-se a tese segundo a qual a injeção de sangue novo vai “fortalecer” o partido, preparando-o para a eleição municipal de 2012.

Se é assim, respondeu Rodrigo, o primeiro passo é exorcizar o fantasma da fusão com o PMDB. Eliminada a falta de nexo, o DEM iria cuidar, sem pressa, de sua reestruturação.

Patrono da ideia de empurrar o DEM para dentro de uma legenda aliada de Lula e sócia de Dilma Rousseff, Kassab concordou. Bornhausen tampouco fez objeção.

Nos próximos dias Rodrigo divulgará uma nota. No texto, negará o desejo de fusão e dirá que o DEM continua na oposição.

A súbita recuperação dos pendores oposicionistas de Kassab e Bornhausen é vista de esguelha por seus próprios pares:

Ouça-se, por exemplo, o deputado Ronaldo Caiado (GO), vice-líder do DEM: “Isso é história da carochinha...”

“...O que eles querem é colocar o Kassab na presidência do partido para, depois, voltar com a ideia da fusão com o PMDB...”

“...Há duas maneiras de prestar serviço ao governo. Uma é a adesão do DEM ao PMDB...

“A outra é fazer papel de quinta coluna, fomentando a briga na nossa trincheira, no instante em que deveríamos cuidar da estruturação do partido na oposição”.

O bloco antifusão inclui outros expoentes do DEM. Entre eles Agripino Maia (RN) e Demóstenes Torres (GO), dois senadores que sobreviveram ao tsunami Lula.

A resistência, aparentemente majoritária, forçou Kassab a reordenar sua infantaria. Aconselhado por Bornhausen, o prefeito recolheu momentaneamente as armas.

Toma fôlego, esboça a investida contra a presidência de Rodrigo Maia e equipa o paiol para o embate final.

Na parte que diz respeito à fusão, a batalha do DEM é um filme preto e branco. Na batalha pelo controle da legenda, há uma área cinzenta.

Nem todos os que se opõem à rendição ao governo são contrários à substituição de Rodrigo Maia. É nessa zona de sombras que Kassab se move.

Gente como Caiado promete levantar barricadas: "Comigo vão ter trabalho. Não me peçam a solidariedade do suicídio..."

"...Lula falou em extirpar o DEM. Querem dar a ele a autoextirpação. Vou lutar com todas as minhas forças para evitar".

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Escrito por Josias de Souza às 08h21

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

PSDB e PPS analisam hipótese de fundir as legendas

Fotos: ABr e Folha
Sem alarde, PSDB e PPS analisam a viabilidade e a conveniência de fundir as duas legendas numa só.



As conversas, ainda embrionárias, começaram há duas semanas, nas pegadas da derrota do tucano José Serra para a petista Dilma Rousseff.



Coube ao senador eleito Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) procurar o deputado eleito Roberto Freire (SP), presidente do PPS federal.



Ex-chefe da Casa Civil do governo Serra em São Paulo, Aloysio propôs a fusão.



Escorou a ideia numa apreensão legislativa. Disse que, juntas, as legendas teriam maior poder de fogo no Congresso.



O PSDB saiu das urnas de 2010 com 53 deputados e 11 sedadores. O PPS, com 12 deputados e um senador.



Na cabeça de Aloysio, a nova legenda abrigaria os “descontestes” de outros partidos –do PMDB ao DEM, passando por PDT e PSB.



Citou-se o exemplo do senador Jarbas Vasconcelos (PE), um oposicionista aninhado no protogovernista PMDB.



O debate ocorre num instante em que o tucanato tenta fazer a digestão de sua terceira derrota presidencial.



O senador eleito Aécio Neves (MG) fala em “refundar” o PSDB. FHC cobra a defesa explícita do legado da era tucana no governo federal.



O repórter foi ouvir Roberto Freire. Ele confirmou o contato de Aloysio Nunes e admitiu que as conversas caminham.



Deu a entender que atribui ao PSDB, não ao seu PPS, a iniciativa dos próximos movimentos: “Ninguém faz fusão a partir de um partido minoritário”.



Disse: para que a articulação avance, o PSDB precisa, primeiro, se convencer de que precisa buscar reforço, incorporando setores da “esquerda democrática”.



Depois, seria necessário “ter clareza do que vai ser esse novo partido”. Como assim?



“Não pode ser um amontoado, um ajuntamento”, disse Freire. “O Brasil não precisa de outro PMDB”.



Para Freire, se o objetivo for apenas o de dar maior efetividade às ações da oposição no Congresso, a formação de um bloco oposicionista pode resolver o problema.



Na hipótese de evoluir para a fusão, PSDB e PPS flertam com um risco que seus dirigentes parecem desconsiderar.



Da fusão resultaria uma terceira legenda, com programa e estatuto novos. Algo que desobrigaria os congressistas dos dois partidos do compromisso da fildelidade.



Pela lei, os filiados do PSDB e do PPS estariam livres para buscar refúgio em outras legendas. Tornariam-se alvos automáticos da cooptação governamental.



Escrito por Josias de Souza às 17h59

domingo, 14 de novembro de 2010

Líderes do DEM rejeitam ideia de fusão com PMDB

Por ALEXANDRE RODRIGUES, estadao.com.br, Atualizado: 14/11/2010 16:04

A proposta de incorporação do Democratas ao PMDB, atribuída ao prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), está morta e enterrada, mas serviu para reorganizar a tropa no partido. É o que dizem o presidente do DEM, Rodrigo Maia, e o pai dele, o ex-prefeito do Rio Cesar Maia, que apostam na unificação do partido com o plano de fortalecer o DNA conservador e deixar o papel de linha auxiliar do PSDB para construir candidatura própria à Presidência em 2014. 'Essa hipotética proposta não existe mais. Até Kassab é contra', afirmou Cesar Maia, em conversa com o Estado por e-mail, sobre a possibilidade de união com o PMDB. 'Hoje, ninguém no DEM defende fusão com o PMDB. Nem no PMDB, segundo se diz.' Maia também afasta qualquer chance de fusão com PSDB ou PPS.

O presidente de DEM e deputado reeleito Rodrigo Maia (RJ) disse ter conversado com Kassab, que compreendeu a inviabilidade da união com o PMDB. 'Ele sabe que essa posição, nesse momento, não tem apoio no partido. Compreendeu que esse é o momento de refazer a unidade e pensar no futuro', disse hoje o deputado. O flerte de Kassab com o PMDB levou Rodrigo a acertar os ponteiros com várias lideranças do partido.

As conversas alinharam à proposta de fortalecimento ideológico, descolamento do PSDB e candidatura própria em 2014, líderes como o senador José Agripino (RN), reeleito em meio às baixas da oposição no Senado, e os deputados Antônio Carlos Magalhães Neto (BA), Onyx Lorenzoni (RS) e Roberto Brant (MG). O ex-prefeito Cesar Maia define a estratégia do DEM: 'Reforçar sua coluna vertebral conservadora. Isso será feito.'

Conservadorismo - O ex-prefeito cita o apoio do senador reeleito Demóstenes Torres (DEM-GO), que também declarou no fim de semana que o partido precisa assumir que é conservador e 'deixar de ser satélite de outros partidos'. Para Rodrigo e Cesar Maia, a candidatura própria é o caminho para unir um partido calejado pelas batalhas perdidas a reboque de um PSDB tomado por lutas internas. Acreditam que, na oposição ao governo Dilma, é hora de se preparar para o que consideram inevitável: o declínio do ciclo de poder do PT. Também querem reposicionar a relação com o PSDB. A avaliação é de que a antecipação de uma aliança incondicional com os tucanos na eleição presidencial de 2010 penalizou o partido em contextos regionais. Em 2014, a composição se daria de outra forma e bem mais tarde, até mesmo num segundo turno.

'Essa discussão sobre fusão mostrou que há uma certeza majoritária no partido. Temos de nos organizar como partido de ideias claras, em favor da propriedade, da economia de mercado, da redução da carga tributária. Tem a proposta de recriação da CPMF aí, uma bola que o governo levantou de graça para nós', define Rodrigo, comemorando a eleição de dois governadores e 43 deputados na Câmara, apenas dez a menos do que o PSDB.

'O partido que saiu das urnas sobreviveu a todas as análises, críticos e ameaças. A oposição saiu fortalecida', analisa Rodrigo. 'Acredito que o ciclo da Dilma não terá a mesma força popular dos oito anos do governo Lula. O da Dilma não será o primeiro, mas o nono ano do mesmo governo. Precisamos reorganizar as forças para 2014.'

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

PT prepara inventário de cargos e quer Saúde e Comunicações, hoje do PMDB

Celso Junior/AE

"Bancada petista. Dutra, o líder Fernando Ferro e o ministro Alexandre Padilha: Dilma irá a reunião do Diretório do PT no dia 19 "
Dilma Rousseff terá o primeiro encontro com a cúpula do PT para tratar de cargos e diretrizes do novo governo seis dias após voltar da viagem a Seul, onde participa da reunião do G-20 ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A presidente eleita é a convidada de honra da última reunião do ano do Diretório Nacional do PT, no próximo dia 19, que será realizada em um hotel de Brasília e contará com governadores do partido.

O inventário destinado à herdeira de Lula já começou a ser preparado pelas correntes do PT, que hoje comanda 17 dos 37 ministérios. Um dia antes do encontro haverá a reunião da Executiva do partido, para alinhavar as propostas. Oficialmente, Dilma comparecerá ao Diretório Nacional apenas para agradecer os companheiros pelo trabalho na campanha presidencial, a primeira sem Lula na chapa, nos 30 anos da legenda.

Na prática, o PT quer aumentar seus assentos na Esplanada, está de olho em cadeiras hoje dirigidas pelo PMDB, como Saúde e Comunicações, e também pretende avançar sobre diretorias da Petrobrás e da nova Petro-Sal, que ainda não saiu do papel. Comunicações é uma pasta que ganhará musculatura com o Plano Nacional de Banda Larga.

Na seara doméstica, o posto mais cobiçado pelas duas principais alas do PT, hoje, é o do ministro da Educação, Fernando Haddad. Desgastado após uma sucessão de erros cometidos na aplicação do Enem, Haddad não deverá integrar a equipe de Dilma, embora Lula tenha saído em sua defesa.

Haddad é escudado por seu grupo, Mensagem ao Partido, mas rifado pela corrente majoritária, Construindo um Novo Brasil (CNB), e por discípulos de Marta Suplicy, que mais uma vez querem emplacar a senadora eleita na Educação. Ex-titular do Turismo, Marta também é citada para Cidades, ministério nas mãos do PP e desejado pelo PMDB.

Na briga entre os grupos que compõem o mosaico ideológico do PT, o senador Aloizio Mercadante (SP), candidato derrotado ao governo paulista, tem o apoio da bancada para ocupar Educação ou mesmo Planejamento, se o ministro Paulo Bernardo for deslocado para a Casa Civil.

'É natural o anseio para manter e até ampliar os espaços no governo, mas ninguém vai estabelecer posições impositivas', amenizou o presidente do PT, José Eduardo Dutra. Nos últimos dias, Dutra ouviu queixas de petistas, descontentes com a forma como ele está negociando o 'rodízio de poder' na Câmara entre o PT e o PMDB.

Nos bastidores, deputados e senadores do PT consideram injusto o PMDB do vice-presidente eleito Michel Temer (SP) ficar com o comando do Senado por quatro anos ininterruptos se a direção da Câmara for 'dividida' entre os dois partidos, cada um deles ocupando um biênio.

Alheia ao varejo político, Dilma insiste em que o tamanho do PT no governo dependerá da composição com o PMDB e outros aliados. Mas concorda com a cúpula do PT no que diz respeito a postos estratégicos: Fazenda, Casa Civil, Secretaria-Geral da Presidência, Educação e Desenvolvimento Social continuarão sob a batuta do partido.

A montagem do primeiro escalão e do comando das estatais, porém, depende de encruzilhadas políticas. Quando era chefe da Casa Civil, Dilma teve atritos com Haddad, com o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, e até mesmo com o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, hoje um de seus mais importantes colaboradores.

Discreto, Palocci se aproximou tanto de Dilma que está cotado para o 'núcleo duro' do Planalto: deve ocupar a Secretaria-Geral da Presidência ou a Casa Civil. Quer estar no centro das decisões do governo, mas longe dos holofotes. Reabilitado na cena política, ele retornará à Esplanada quatro anos depois do escândalo que o apeou do poder, em 2006, no rastro da quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa.

É por essa circunstância que a ida de Palocci para a Casa Civil - ministério emblemático após a crise do mensalão, em 2005, e a avalanche de denúncias da última temporada - ainda é uma dúvida. Além disso, a Casa Civil perderá funções executivas, que devem ser transferidas para o Planejamento. A Secretaria-Geral, por sua vez, poderá ter perfil mais político.

Ao contrário de Palocci, Haddad só se distanciou de Dilma. Na cerimônia de despedida dos ministros-candidatos, em 31 de março, ela o chamou de 'Paulo Haddad'. Na Petrobrás, Gabrielli foi outro que protagonizou duros embates com Dilma. Mas sua eventual saída também está ligada à sucessão do governador reeleito da Bahia, Jaques Wagner, em 2014.

O XADREZ DO PRIMEIRO ESCALÃO MINISTERIAL

Antonio Palocci

Ex-ministro da Fazenda

Poderá assumir a Secretaria-Geral da Presidência, que ganhará musculatura

Luciano Coutinho

Presidente do BNDES

Deve ser mantido no mesmo cargo, mas também é opção para o Banco Central ou a Fazenda

Henrique Meirelles

Presidente do BC

Deve ser substituído. Pode ser embaixador em Washington ou ministro de uma área ligada à infraestrutura

José S. Gabrielli

Pres. da Petrobrás

Cotado para assumir uma secretaria na Bahia. Jaques Wagner quer que ele dispute o governo baiano em 2014

Maria G. Foster

Diretora da Petrobrás

Pode ocupar a cadeira de presidente da estatal. Mas também tem o nome citado

para a Casa Civil

Gilberto Carvalho

Chefe de Gabinete Terá cargo de comando no governo Dilma. Depende de como será repaginado o núcleo duro do Planalto

José Eduardo

Cardozo Secretário-geral do PT

Apesar das resistências, é o mais cotado para ocupar a Justiça

Fernando Haddad

Min. da Educação

Desgastado com as falhas do Enem, está na linha de tiro. Marta Suplicy e Mercadante estão de olho na vaga

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Ambição de ‘aliados’ de Dilma é maior que ministério



Harish Tyagi/EFE




O vocábulo que traduz com exatidão o tipo de ambição que move os “aliados” de Dilma Rousseff é “ubiqüidade”. Eles querem estar em toda parte.



Se tivesse de atender a todas as demandas, Dilma precisaria espichar a Esplanada, criando 21 ministérios. Em vez das atuais 37 pastas, teria de dispor de 58.



Depois de quatro dias de descanso na aprazível cidade baiana de Itacaré, Dilma voou de volta para Brasília.



Antes de lidar diretamente com os apetites da dúzia de partidos que a apóiam, a presidente eleita vai a Seul, para a reunião do G-20.



Na Coréia do Sul, debaterá a guerra cambial. No retorno ao Brasil, terá de enfrentar, finalmente, a batalha ministerial.



Quem olha para o rebuliço, mesmo que de relance, observa que há incontáveis seres humanos desejando ser ministros.



Entre tantos postulantes, o difícil é encontrar alguém que se disponha a ser humano.


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Escrito por Josias de Souza às 21h32

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

No Twitter, presidente do PT se coloca a favor da volta da CPMF

Fortalecendo o discurso pela volta da Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira (CPMF), o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, se posicionou a favor da cobrança nesta quinta-feira (4), em sua página na rede de microblogs Twitter.

"A quem interesse: sou a favor da CPMF. (Está) registrado nos anais do Senado. Votei contra em 98 por decisão partidária, mas registrei minha opinião", escreveu.

Minutos mais tarde, Dutra reforçou que cabe ao Congresso Nacional decidir sobre a reforma tributária, incluindo a volta ou não da CPFM. "Quem vai decidir sobre reforma tributária é o congresso. Deixem de factóides e discutam no lugar certo. O congresso decide", disse.

Outras lideranças já haviam se manifestado sobre o assunto. O governador reeleito de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), afirmou que não há um financiamento suficiente na saúde e sinalizou apoio à volta de um mecanismo como a CPMF para ajudar o setor. Sua posição foi acompanhada por outros integrantes do partido, reunidos em Brasília.

"Os governadores do PSB têm colocado ao presidente Lula que há um subfinanciamento da saúde que é grave", disse. "Se precisar restabelecer em parte ou totalmente a CPMF, vamos fazer isso. Porque depois que caiu a CPMF eu não vi baixar o preço de nada."

O governador reeleito do Ceará, Cid Gomes, também defendeu uma nova contribuição para garantir mais dinheiro para o setor. "É um sacrificiozinho muito pequeno para cada brasileiro em nome de um grande número de brasileiros que precisa dos serviços de saúde e precisa que esses serviços sejam de qualidade."

A presidente eleita Dilma Rousseff (PT), por outro lado, afirmou que não enviará ao Congresso Nacional nenhuma proposta de recriação da cobrança, mas acrescentou "estar atenta" às necessidades dos governadores.

CPMF
A CPMF foi extinta em 2007 e já no ano seguinte o Congresso Nacional começou a discutir a regulamentação da Emenda 29, que fixa percentuais mínimos a serem investidos anualmente na saúde pela União, por Estados e municípios.

O debate sobre a regulamentação, contudo, esbarra na criação de um novo imposto, a Contribuição Social para a Saúde (CSS), que não é consenso. Nos moldes da CPMF, a nova contribuição, com alíquota de 0,1%, teria sua arrecadação destinada exclusivamente para a saúde.



Redação Terra

terça-feira, 2 de novembro de 2010

PT e PMDB iniciam disputa por espaço no governo Dilma

Estadão/PX
A primeira reunião da presidente eleita Dilma Rousseff (PT) com auxiliares diretos para montar a equipe de transição, realizada ontem, em Brasília, teve presença apenas de petistas, sem nenhum convidado do PMDB, seu principal aliado na campanha. Ficou definido, no encontro, que o presidente do PT, José Eduardo Dutra, e o ex-ministro Antonio Palocci comandarão o grupo que fará a passagem do governo Lula para o de Dilma.

Insatisfeitos com a iniciativa, alguns peemedebistas não esperaram para dar o troco. "Eles não vão governar sozinhos", avisou o deputado Eduardo Cunha (PMDB-SP). Pouco preocupado, o governador eleito do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, fez em entrevista ao Estado uma cobrança: o PT quer negociar com um PMDB unido. A legenda "terá mais importância quanto mais se unificar como partido de centro", avisou.

Os dois episódios mostram que, nem bem terminou a apuração dos votos, já corre solta a disputa por espaço entre os dois partidos. Setores petistas já deixaram vazar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva gostaria que Guido Mantega fosse mantido na Fazenda. Admite-se que Henrique Meirelles pode ter um "lugar importante" no novo time, mas não se sabe onde. Luciano Coutinho, do BNDES, pode tanto ficar no banco como ir para a Fazenda, se Mantega sair, ou para o Banco Central.